Catequese

A força da oração perseverante

Um cego à beira do caminho

Seguimos com as catequeses sobre o Ano da Oração em preparação ao Ano Jubilar da Esperança convocado pelo Papa Francisco. Este ano tão esperado para podermos experimentar um pouco mais do grande mistério da misericórdia de Deus. Como citei no primeiro vídeo, nós temos que preparar o nosso coração, e nada melhor que a oração, pois essa virtude é que nos faz penetrar no mistério de Deus.

Um clamor que não se cala diante dos obstáculos

Nesta oportunidade, vamos falar sobre o mistério da oração. O Papa Francisco, em sua primeira catequese sobre a virtude da oração no ano de 2020, utilizando a passagem bíblica de São Mateus, em seu capítulo 10, sobre a história de Bartimeu, fala sobre esse personagem tão singular, que era um cego, um mendigo que vivia nas ruas de Jericó. Sobrevivendo de esmolas, vivia abandonado, talvez pela sua família e pelos seus amigos, com a sua capa, pedindo a caridade para aqueles que passavam.

A notícia que desperta a esperança

Ele escutou falar de Jesus, a quem ele não tinha visto, pois era cego. Assim, como ia vê-Lo? Ele não presenciou milagres, não teve a oportunidade de falar com Jesus; ele apenas ouviu que Jesus ia passar exatamente na mesma rua onde ele pedia esmolas.

Um grito de fé que rompe barreiras

Naquele momento, ele não teve outra ideia a não ser começar a invocar. Mas invocar quem? Esse Jesus sobre quem ele havia escutado. Ele não O conhecia, mas acreditava que talvez Jesus pudesse fazer alguma coisa por ele. Assim, começou a gritar, enquanto sentia que a multidão estava passando, sabendo que Jesus estava ali no meio, na esperança de que seus gritos pudessem ser escutados. E ele começa a gritar: “Jesus, filho de Davi, tem compaixão de mim!”.

A resistência da multidão

As pessoas que estavam ali, talvez alheias a sua necessidade, incomodadas com seu clamor, começam a falar: “Cala-te! Não importune o mestre. Eh, fique quieto! Já basta!”. Mas ele, ao escutar isso, começa a gritar mais forte e a dizer: “Jesus, tem compaixão de mim!”. Ele sabia que talvez aquela fosse a única oportunidade que teria, pois não sabia se Jesus iria passar outra vez por ali, não sabia o que aconteceria com sua vida, mas, agora, ele tinha a oportunidade de gritar e clamar: “Senhor, tem compaixão de mim!”.

Bartimeu somos nós

Quem é Bartimeu? Esse Bartimeu somos nós. Somos todos nós, cegos, jogados no caminho dessa vida. Pessoas que, infelizmente, não tiveram tantas oportunidades. Cegos das coisas espirituais, cegos das coisas da vida. Às vezes, não entendemos, verdadeiramente, o que significa o sentido da vida. Mas Jesus pode nos dar o sentido, pode abrir nossos olhos, pode dar a nós esse milagre de que tanto necessitamos. Ele pode nos tocar, pode tocar nossa ferida, nossa cegueira espiritual, nossa necessidade de sentir o Senhor. Então, pedimos, temos que clamar: “Senhor, cura-nos. Senhor, vem ao nosso encontro! Senhor, tem compaixão de nós, porque nós necessitamos de ti, Senhor!”.

A oração: um grito da alma que ecoa no Céu

Por isso não podemos nos calar, a oração é o grito da alma. Precisamos clamar ao Senhor, não nos importar se as pessoas que estão ao nosso redor, as circunstâncias da vida nos querem calar e fazer desanimar. Não podemos desistir.

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Humildade: O caminho para alcançar a graça

Por isso, antes de tudo, o Papa Francisco fala: a virtude da oração está junto com a virtude da humildade. A palavra “humildade” vem da palavra humus, que significa “terra”. Temos que nos rebaixar, e esse rebaixar não é ficar no chão, jogados como Bartimeu estava antes; a humildade é necessária para reconhecer que Deus é superior a nós, que nós não somos nada sem Ele e que temos que O buscar constantemente.

A perseverança: ferramenta essencial na caminhada de fé

Nós não podemos desistir, contudo, sem a oração, nós não vamos seguir, mas sim sucumbir, ficando ali como Bartimeu, jogados na estrada da vida. Tantas coisas que nos acontecem, mas essas são oportunidades dadas por Deus,  e nestas verdadeiramente nós podemos ver, e não seguir jogados, mas, ao contrário, erguer nossas vozes, gritar e clamar: “Senhor, tem compaixão de mim!”. Que na nossa oração diária, nas situações diárias que vivemos – seja no trabalho, em casa, na rua –, não paremos de clamar a todo momento: “Senhor, tem compaixão de mim! Tem compaixão, porque necessito, porque sou cego!”

A vontade de Deus em nosso auxílio

No momento oportuno, Deus nos estenderá as as mãos. Não queiramos fazer com que Ele faça a nossa vontade, mas que seja feita a vontade do Senhor, assim na Terra como no Céu. No momento oportuno, Deus nos dará o que tanto necessitamos, se, de verdade, nós perseverarmos.

Que nós possamos ser perseverantes na oração. Deus os abençoe em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém.

Padre Jonathas Fernandes de Souza
Sacerdote pertencente ao Vicariato Apostólico de Mitú, na Selva Amazônica Colombiana. Brasileiro que, há 9 anos, trabalha nessa missão.  Sacerdote ordenado há seis anos.