A riqueza do Pontificado do Papa Francisco
Por ocasião dos dez anos de pontificado do Papa Francisco, quero partilhar com vocês a minha experiência com esse ministério tão rico que alcança os nossos corações.
Eu me recordo de que, em fevereiro de 2013, fui enviado pela Comunidade Canção Nova para Roma a fim de realizar os estudos de mestrado e doutorado; naquela mesma ocasião, aconteceu a renúncia do então Papa Bento XVI e foi convocado o conclave para eleger o novo Papa. Eu estava lá quando, da sacada da Basílica de São Pedro, surgiu o primeiro Papa latino-americano da história da Igreja. Uma alegria imensa para o meu coração, sendo mineiro natural de Rio Pomba, de uma cidade tão pequena, de um mundo tão pequeno, uma realidade tão pequena, participar de um evento como aquele, de uma experiência eclesial com uma eleição de um novo Papa. E o meu coração foi, pouco a pouco, se encantando com o ministério do Papa Francisco.
Convocação do Jubileu Extraordinário da Misericórdia
Algo que eu gostaria de partilhar com todos vocês sobre o ministério do Papa Francisco é a convocação do Jubileu Extraordinário da Misericórdia. O Papa Francisco me surpreendeu com essa iniciativa, e não só a mim, tenho certeza que o mundo inteiro. Surpreendeu-me pelo fato de ser um jubileu extraordinário e uma temática tão importante pra vida da Igreja. Porque foi um ministério tão fecundo e tão forte na vida de Jesus, que é a misericórdia. E o Papa Francisco, quando instituiu esse jubileu, escreveu a bula de proclamação deste ano jubilar chamada Misericordiae Vultus, que é o rosto da Misericórdia.
Nesta bula, o Papa Francisco nos lembrou que Jesus Cristo se utilizou, muitas vezes, das parábolas para falar da misericórdia. E utilizando desse artifício das parábolas, ele conseguiu chegar ao coração de muitas pessoas. Papa Francisco, nesta bula, nos lembrou de que as parábolas de Jesus sobre a misericórdia foram um instrumento eficaz para que Jesus chegasse ao coração de muitos. As parábolas dedicadas à misericórdia acabaram revelando a natureza de Deus como um Pai que nunca se dá por vencido enquanto Ele não dissolver o pecado e superar a recusa do coração humano com a compaixão e com a misericórdia. O Papa nos lembrava de que nós meditamos, muitas vezes, estas três parábolas no Evangelho, por exemplo, de São Lucas no capítulo 15, a Ovelha extraviada, a moeda perdida e o pai com seus dois filhos. O Papa nos lembrava que, nessas parábolas, Deus é apresentado sempre cheio de alegria, sobretudo quando Ele perdoa. Isso me chamou muita atenção.
Nas parábolas, nós encontramos o núcleo do Evangelho, o núcleo da nossa fé, porque a misericórdia é apresentada como uma força que tudo vence, que enche o coração de amor e consola com o perdão. O Papa realizou atos extraordinários naquele ano jubilar dando aos sacerdotes a capacidade de perdoar os pecados, inclusive do aborto. Os chamados missionários da misericórdia, padres que percorreram o mundo todo levando a misericórdia, tirando situações, sentenças canônicas na vida do povo e dando a possibilidade de o povo experimentar profundamente o amor de Deus. Eu me recordo que o sentimento que habitava o meu coração era de uma alegria enorme que não cabia dentro de mim. Como um Papa usava esta linguagem? Como um Papa falava e o nosso coração ardia? Era porque, justamente ele, era o escolhido para este tempo.
O Papa que fala ao coração
Não é que os outros papas não falassem ao coração, mas o Papa Francisco fala ao coração deste povo, desta nossa geração. Com a sua linguagem, com o seu jeito, com os seus gestos, ele alcança cada coração.
Os gestos que ele realizava… Eu tive a oportunidade, muitas vezes, de estar presente no Ângelus no domingo, nas catequeses das quartas-feiras, nas celebrações presididas na Basílica de São Pedro ou em outros lugares, e sempre o Papa Francisco nos surpreendia com os seus gestos. Ele tinha uma capacidade enorme de encarnar essa misericórdia, de fazer com que cada um de nós sentíssemos, de fato, na nossa carne, na nossa vida, a misericórdia de Deus pelo seu sorriso, pelo seu abraço, seu toque. Eu tive a oportunidade de falar uma vez diretamente com o Santo Padre, e ele sempre se demonstrou muito alegre, muito sorridente, brincalhão, trazendo essa leveza de Deus, trazendo essa alegria que é própria de Deus. Então tenho a partilhar com vocês a misericórdia como um elemento fundamental, profundo, forte do ministério do Papa Francisco, e que eu, como sacerdote, quero também levar para toda a minha vida sacerdotal, e justamente o meu lema sacerdotal é retirado de São Lucas: “Sede misericordiosos como vosso Pai do céu é misericordioso”. Então, eu me senti, de fato, interpelado, eu me senti, pelo Papa Francisco, mais uma vez chamado a ser a expressão da misericórdia na vida dos meus irmãos.
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Parabéns Papa Francisco! Obrigado por nos revelar este rosto amoroso de Deus!
Obrigado por nos revelar, com seus gestos, que Jesus está bem perto de nós.
Deus o abençoe!
Padre Donizete Ferreira
Vice-presidente da Comunidade Canção Nova