O judeo-cristianismo é a religião que mais valoriza a experiência de amor, exatamente porque nos revela Deus como Pessoa que ama e quer ser amada, com quem o homem pode estabelecer uma verdadeira intimidade de amor e comunhão. E se é possível ao homem ser amado por Deus e abandonar-se a Ele, numa resposta de amor, essa experiência influencia todas as experiências humanas de amor. O amor do próximo brota do amor de Deus; a comunhão com Deus dá ao homem a força e o dinamismo de progredir continuamente, em qualidade, em todas as suas experiências do amor.
Do amor à caridade, enuncia-nos o itinerário do crescimento do amor, onde as capacidades naturais de amar, enfraquecidas pelo pecado, são redimidas e potenciadas pela força do Espírito de Deus, isto é, pela energia amorosa que nos vem do fato de sermos amados por Deus e de o procurarmos amar, mais que todas as outras realidades humanas. É um tema que nos situa no âmago da relação entre a nossa natureza humana e o dom da graça divina, pois a caridade significa aquele grau de perfeição do amor que só é possível ao homem com a força do Espírito Santo. A caridade acontece naqueles que fizeram da sua experiência de amor a Deus, a fonte de toda a sua capacidade de amar. Amar a Deus sobre todas as coisas e seguir o mandamento novo de Jesus amai-vos uns aos outros como Eu vos amei, só é possível ao homem, com a força de Deus. Mas sendo sobrenatural, é também a plena realização das nossas capacidades naturais de amar. A caridade é a verdade plena do amor, porque é o amor ao ritmo do Espírito de Deus.