Desordem

O pecado afeta os atos de caridade do ser humano

Na vida de todos os cristãos, existe uma realidade concomitante à nossa natureza: o pecado. O pecado é, sem dúvida, além de um ato imoral em si, uma transgressão à lei. Leva consigo uma agressão à caridade, à lei em  si. Exteriormente, desordena a caridade. Tomás de Aquino afirma que o pecado é um apetite desordenado (S Th, I II,
q. 71, a. 6), e esta desordem faz com que a caridade seja contra a lei natural.

Quando falamos que o pecado “desordena”, deve-se entender o sentido prático do tema. A desordem produzida pelo pecado gera em nós aquela malícia que provém da nossa infidelidade. Seja venial ou mortal, ambos sempre agredirão a caridade.

O pecado, como tal, possui algumas particularidades. Antes de tudo, é um hábito. Fixa na pessoa, por assim dizer, uma tendência a refutar o amor. Por isso mesmo, todo ato pecaminoso leva consigo a malícia 18. Todo pecado é um egoísmo. Nós que, por exigência, deveríamos tender em direção a Deus e aos irmãos, mudamos à medida que procuramos somente nosso bem-estar, nosso orgulho. Se definirmos o orgulho como o amor pela nossa própria superioridade, o reconheceremos como o pecado geral da humanidade, o início de todo pecado.

O pecado afeta os atos de caridade do ser humano

Foto Ilustrativa: spukkato by Getty Images / cancaonova.com

O pecado é o oposto do amor

Neste sentido, podemos afirmar que, quanto mais interior for o pecado, mais grave será19. Com isto, Gilleman está tocando uma das dimensões mais delicadas na teologia moral pós-conciliar. Resgatando o pensamento de São Tomás de Aquino, propõe alguns esclarecimentos sobre o tema do pecado de orgulho e as formas diversas com as quais este atinge nossa vida de fiéis. No mesmo lugar onde se encontra o orgulho, aparece a luxúria como o pecado mais grave que comete o homem no mais íntimo de sua vida, de sua dignidade, de  sua personalidade. O pecado tem um sentido oposto ao ser, à unidade, já que faz divergir da força do amor. Por isso, como pecadores que somos, encontramo-nos como que “largados”, abandonados à dispersão dos nossos diversos amores.

Leia mais:
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.:Todo pecado confessado na Santa Missa é perdoado?
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.:Breve catequese sobre indulgência: pecado, culpa e pena

Referências Bibliográficas:
18 Gilleman, G. Charité et peche. Paris: Sèvres, 1959.
19 Idem.

Trecho extraído do livro “Família: novo sinal dos tempos”, do padre Rafael Solano

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Padre Rafael Solano

Sacerdote da arquidiocese de Londrina (PR). Mestre e doutor em Teologia Moral pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma e pós-doutorado em Teologia Moral e Familiar pelo Pontifício Instituto João Paulo II de Roma, Universidade Lateranense de Roma. Atua como consultor da CNBB setor vida e família e como professor de Teologia Moral e Bioética na PUC (PR), Campus Londrina. Autor de livros publicados pela Editora Canção Nova.