Por determinação da Conferência Episcopal Portuguesa, celebra-se no 3º Domingo da Quaresma (3 de Março) o dia da Cáritas. Para quê? Em primeiro lugar a designação de um dia na opinião pública pretende sensibilizar as pessoas e os grupos para alguns problemas e fazer convergir as atenções para um objectivo comum. É o caso. O dia da Cáritas deve ser um alerta e um apelo. Faz pensar nos outros. Nos mais carecidos ou marginalizados. Neste tempo de globalizações e egoísmos, é urgente humanizar a produção e partilhar os seus frutos.
Perante a febre do consumismo, importa frenar a sedução publicitária e moderar a capacidade financeira, para que não haja o desperdício do que é útil ou a vaidade do supérfluo. Na busca da harmonia e na prática do bom senso.
Em segundo lugar, o dia da Cáritas é tempo para recolha de ofertas ou contribuições para ajudar os outros. Esse ofertório pode ser feito na igreja ou na rua. Por crentes e não praticantes. Como gesto sincero de solidariedade.
Para o cristão, que deve ser um cidadão mais consciente e ativo, o contributo que entrega à Cáritas pode resultar de uma renúncia ou ascese. Não pelo fato de estar na Quaresma, mas porque está na vida e na sociedade.
Efetivamente a missão da Igreja não é só profética e sacerdotal. Integrada na sociedade, para a evangelizar e santificar, a Igreja em geral e cada cristão em particular devem, coerentemente, praticar a caridade. É no amor do próximo que se condensam e manifestam os mandamentos da Lei de Deus.
Por sua vez a Cáritas é uma instituição, de base diocesana e expressão nacional, que é detentora de um acervo histórico que a prestigia e credencia para a confiança dos cidadãos individuais na generosa contribuição para ações comuns, em casos endêmicos que afetam excluídos e abandonados, ou em casos pontuais de tragédias que vitimam populações e grupos mais alargados. Ao pé da porta ou à distância.
A Cáritas Portuguesa e em cada Diocese merece gratidão e apoio por quanto tem feito, discretamente, e como escola aberta de educação e de co-responsabilidade. Não dispensa, mas sublima a justiça, calafetando brechas e lacunas de pobrezas anônimas e envergonhadas.
O dia da Cáritas deve ser um aleluia pascal, que purifica a consciência e programa uma vida melhor. Na comunhão e na paz!.
Leiria, 15 de Fevereiro de 2001
Dom Serafim de Sousa Ferreira e Silva
Bispo da Diocese de Leiria-Fátima
Pres. Com. Episc. Sócio-caritativa