Os homens do século XX encontram dificuldades para entender o Coração de Jesus. Vivem na superfície das coisas, dos fatos. Não aprofundam. E rezam pouco. O Coração de Jesus é um abismo de virtudes, um oceano de paz, de amor, de santidade. Só quem mergulha atinge seu fundo. Seu perdão, sua bondade, sua paciência e sua misericórdia lembram píncaros imensos. Para atingí-los é preciso subir, escalar a montanha.
A fé começa onde termina o orgulho, a superficialidade. Quem fica na planície, jamais será devoto sincero do Coração de Jesus. Coração divino. Coração humano. Cristo, mistério de síntese. Deus e homem, ao mesmo tempo. Se fosse Deus apenas, talvez o julgássemos inacessível, majestoso e distante demais. Para não nos assustar, de saída, nasceu criança, num estábulo que não era dele. Para consolar os pobres e humildes, sem casa, Jesus não teve a sua, nas peregrinações pela Palestina. Ele próprio dizia:
– As raposas têm as suas tocas e as aves têm seus ninhos, mas o Filho do Homem não tem onde repousar a cabeça cansada!
A cruz, onde o pregaram, não era dele. O túmulo onde o depositaram, morto, pertencia a José de Arimatéia. Coração de Jesus, coração de homem. Profundamente humano para nos sentir e auscultar, para ficar mais próximo de nós. A encíclica Gaudium et Spes (Alegria e Esperança) confirma:
– O Filho de Deus, com sua encarnação, uniu-se a cada homem. Trabalhou com mãos de homem, pensou com inteligência de homem, atuou com vontade de homem, amou com coração de homem (GS 32).
O coração revela o que existe lá dentro, o que somos e o que valemos. Para os olhos atentos, este é um teste infalível: pelas palavras, gestos e ações, se conhecem os corações!
Coração de Jesus. Coração de homem, coração de Deus. Embora tão amplo e profundo, tão largo e divino, o Coração de Jesus está ao nosso alcance. E nos chama, abençoa e convida. Para vivermos com ele, por ele e dentro dele.
Ao ver-nos tristes, feridos e necessitados, Jesus caminha ao nosso encontro. Ao perceber-nos felizes, Jesus nos espera.