No Evangelho de Lucas 1,26-38, o Anjo Gabriel anuncia a Virgem Maria os planos de Deus para a salvação da humanidade, ou seja, Ele quis contar com ela para ser a Mãe do Salvador. Nesse diálogo do Anjo com Maria, é revelado como tudo se daria. Maria interpela o anjo diante das dúvidas que trazia. A resposta de Maria é: “Eis-me aqui, faça-se em mim segundo a tua Palavra”. Acontece a submissão à vontade de Deus, Maria abre mão dos seus planos para realizar os planos d’Ele. Pela sua obediência perfeita, desse modo acontece a Encarnação. Nossa Senhora é modelo a imitar para que também Cristo nasça em nós.
Diante das palavras do Anjo, Maria mostra grande fé e obediência, e como Ela devemos obedecer. Recordemos que Eva, no jardim do Éden e seduzida pela serpente, desobedeceu a Deus: “O nó da desobediência de Eva foi desatado pela obediência de Maria. O que uma fez por incredulidade, o desfez a outra pela fé”. (Santo Irineu)
O sim de Maria foi resposta do seu amor e de sua fé em Deus, e foi dado com prontidão, de modo gratuito, generoso, sem reserva nem condições.
Maria é a nova Eva. Pelo pecado da desobediência dos nossos primeiros pais, havíamos perdido o paraíso; pela obediência de Maria nasce a Esperança, pois Ela esmaga a cabeça da serpente, trazendo-nos o Salvador da humanidade: Jesus Cristo : “Eis que uma virgem conceberá e dará à luz um filho, e o seu nome será Deus Conosco” (Is 7,14).
Como imitar a virtude da obediência?
No Catecismo da Igreja Católica, n. 144, vemos que obedecer (ob-audire) na fé é submeter-se livremente à palavra escutada, pois é uma verdade garantida por Deus, que é a própria verdade. Dessa obediência, o modelo que a Sagrada Escritura nos propõe é Abraão. A sua realização mais perfeita é a da Virgem Maria.
Maria tem a virtude da perfeita obediência não apenas porque disse sim à maternidade divina, mas porque o seu sim foi para a vida toda. E o sim a Deus foi consequência da sua vida com Ele. Como judia praticante, a religião hebraica tinha Deus como único e verdadeiro, observava os mandamentos da lei, alimentava a sua fé pela oração e na expectativa do cumprimento das Suas promessas contidas na Palavra, de modo especial no livro do profeta Isaías, que ela escutava muitas vezes na sinagoga.
Em cada acontecimento, favoráveis ou não, Maria se manteve firme e fiel ao sim dado a Deus. Em tudo, nas suas atitudes, palavras, pensamentos e sentimentos, abriu mão da sua vontade para obedecer a vontade de Deus, ou seja, viveu em tudo a obediência divina.
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A obediência perfeita de Maria a Deus, a partir do seu sim na Anunciação, não mediu as consequências do que viria a acontecer ou aonde a levaria, foi simplesmente um sim livre, generoso, abandonado e totalmente confiante em Deus.
A obediência vem pelo ouvir
Recordamos alguns acontecimentos que refletem o sim de Maria numa perfeita obediência: o Filho de Deus nasce numa manjedoura em uma gruta de Belém; diante da perseguição de Herodes, José é avisado por um anjo de Deus, e ele e Maria fogem para o Egito. Com a morte de Herodes, o anjo lhes aparece e orienta a retornarem para a terra de Israel. Mais uma vez em sonho, é avisado pelo anjo e retira-se para a província da Galileia. Mesmo sem compreender, sua heroica obediência permanece constante em todos os momentos da vida. Enfatizamos no oferecimento do seu Filho à morte.
Peçamos a Deus a graça de abrirmos mão da nossa vontade, e que Ele nos abra os ouvidos e o olhar, dando-nos sensibilidade espiritual para ouvir a Sua voz e obedecer-Lhe prontamente como Maria, pois a obediência vem pelo ouvir.