Na sua riqueza teológica, o Advento considera todo o mistério da vinda do Senhor na história até o seu desfecho total. Esses eventos estão interligados mutuamente por diversos mistérios.
O Advento faz memória da dimensão histórica da salvação: celebra o Deus que age na história, Deus da aliança que age nos acontecimentos para salvar. O Advento é o tempo, torna-se sacramento do agir de Deus. Advento é o tempo litúrgico que recorda a história como lugar de atuação de salvação de Deus.
Nele também se evidencia a dimensão escatológica do mistério cristão no qual Deus está sempre presente para salvar. Ele ultrapassa a visão individualista e estática dos novíssimos para uma visão escatológica dinâmica na qual a história é o lugar do agir de Deus, lugar das promessas, direcionando para o “dia do Senhor”. Fomos reservados para a salvação, mas esta herança se revelará somente nos fins dos tempos.
Este tempo também recorda uma verdade essencial: a conotação missionária. A Igreja atualiza a missão de Cristo ajudando os homens a perceber o Reino e a interiozá-lo no seu coração. De modo que nele [Advento] se aprofunda o significado autêntico da missão.
Por fim, o Advento apresenta o Deus da libertação que entra nos corações dos homens, o protetor da causa dos pobres e oprimidos. A missão, à luz do advento, suscita esperança dos fracos e humildes e não apóia os poderosos deste mundo. Ele nos faz compreender o mistério salvífico e ajuda-nos a empenhar-nos no anúncio e testemunho do Reino de Deus. Na sua dimensão espiritual, a liturgia do Advento é um convite ao cristão a viver a expectativa vigilante e alegre do Senhor que vem, a esperança, a conversão e a pobreza. Portanto, é uma espiritualidade que remete para aquilo que é essencial na vivência cristã.
O olhar dos cristãos, no tempo do Advento, se fixa na esperança segura do cumprimento final, a vinda gloriosa do Senhor: “Maranatha: vem, Senhor Jesus”. Toda a Igreja anseia por isso e todo o nosso peregrinar nesta terra visa este encontro glorioso com o Senhor. É um a expectativa vigilante acompanhada do convite à alegria, porque aquilo que esperamos certamente acontecerá. Deus é fiel!
No Advento, a Igreja reconhece que o Deus de Jesus Cristo é o Deus da esperança. Este tempo nos educa para a esperança, libertando-nos das impaciências e do frenesi do futuro programado pelo homem. A Igreja vive na esperança a sua existência como graça de Cristo e por isso torna-se sinal concreto de libertação integral do homem, que é ao mesmo tempo, dom e tarefa.
O tempo do Advento suscita a luta contra o torpor e a negligência, requer prontidão, por isso conversão. O comportamento vigilante do Senhor que vem, suscita mudança de vida frente aos prazeres e bens terrenos, exige sobriedade e renúncia aos excessos e a tudo aquilo que desvia o cristão da vinda do Senhor.
Por fim, a espiritualidade do Advento se caracteriza pela espiritualidade do pobre que confia em Deus e se apóia n’Ele. Espiritualidade daqueles que vivem a pobreza do coração, exigindo uma pobreza efetiva e a renúncia em colocar a confiança nos bens terrenos.