“Pois a minha carne é verdadeiramente uma comida e o meu sangue é verdadeiramente uma bebida. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele”.
Este é o pão que desceu do céu… “Quem come deste pão viverá para sempre” (Jo 6,55-56.58).
Eucaristia, Corpo de Cristo, Corpus Christi. Festa instituída pela Igreja há mais de sete séculos, na qual, diferentemente do contexto pascal da Quinta-feira Santa, os fiéis mais podem exprimir mais apropriadamente a intensa alegria pela instituição da Eucaristia.
O Papa Urbano IV, aos 11 de agosto de 1264, publicou a Bula “Transiturus”, reconhecendo, instituindo e ampliando a Festa de Corpus Christi, prática antes restrita às comunidades belgas. Instituída como festa de toda a Igreja, fixou a quinta-feira depois da oitava de Pentecostes como dedicada à celebração do Corpo do Senhor. A festa atualmente é celebrada na quinta-feira após o domingo da Santíssima Trindade.
A solenidade do Corpo e do Sangue de Cristo põe em relevo o sacramento da Eucaristia, como fonte e ápice de toda a vida cristã. Pão consagrado, matéria sob a qual divindade e humanidade se dão as mãos. Pão vivo que dá vida ao homem.
A Eucaristia é o Pão do Céu que a Igreja guarda, zelosamente, nos sacrários, a qual veneramos nos altares e adoramos em tantos momentos. Ocasiões em que nos aproximamos do sacrário da divina graça, do altar do sacrifício do Senhor e nos prostramos, igualmente gratos e penitentes, diante do Senhor presente na hóstia consagrada! Ali nos colocamos diante do augusto mistério: “Cristo, nossa Páscoa, foi imolado” (1 Cor 5,7).
Celebramos a festa do pão sem fermento. O pão da retidão e da verdade, fundamentos do homem novo (Ef 4,23-24). O Pão do Céu é alimento para a vida espiritual. É a presença sacramental de Jesus que se entrega oblativamente para que, em nós, a retidão, a verdade e a justiça do Reino tomem corpo.
“Tomando o pão, deu graças e o partiu e o deu a seus discípulos dizendo: Tomai todos e comei. Isto é o meu corpo que será entregue por vós. Fazei isto em memória de mim”. Com estas palavras e gestos, o Senhor tornou o pão e o vinho sinais eloqüentes, simples, densos da ação do Espírito Santo, sinais através dos quais Deus comunica profundamente a salvação, em Cristo Jesus, à toda criatura que, de foma adequada, deles se apropriam.
Por fim, podemos dizer que a Eucaristia é verdadeiramente o alimento viatorum para os fiéis a caminho na história, rumo à vida eterna. Ela nos torna verdadeiramente livres, plenos e fiéis em Cristo.
É desse augusto mistério que a celebração de Corpus Christi nos convida a contemplar, a celebrar. Todos nós participamos do mesmo pão da unidade. Da unidade do corpo do Senhor, a Sua Igreja.