Para uma grande parte de nós, cumprir o próprio chamado significará viver uma vida comum, no escondimento, longe dos holofotes da popularidade. Há muita santidade, muita felicidade e sentido existencial nos bastidores da vida. A maioria de nós irá levar uma vida comum aos olhos dos homens, e arrisco-me a dizer que Deus se agrada desse tipo de vivência. Jesus fugia da fama: “Quando Jesus percebeu que queriam levá-Lo para proclamá-Lo rei, novamente se retirou sozinho para a montanha” (Jo 6, 15).
Ser reconhecido não é um mal por si mesmo. Jesus se esquivava da fama pela fama, aquela que fizesse as pessoas enxergarem n’Ele algo diferente daquilo que era sua identidade. Muitas vezes, após realizar prodígios, o Mestre recomendava que não divulgassem quem Ele era. Vemos isso nos episódios da cura de um leproso (cf. Mc 1, 44); dos demônios que expulsou (cf. Mc 1, 34); na cura dos dois cegos (cf. Mt 9, 30); recomendando discrição a seus discípulos na transfiguração (cf. Mt 17, 9). Ele não veio para ser o rei político que queriam proclamá-Lo.
Embora a popularidade de Cristo significasse também a promoção do Reino dos Céus – quanto mais gente ouvisse dizer dos seus feitos, mais pessoas poderiam aderir à Sua palavra –, Ele preferiu que os povos de todos os tempos O
conhecessem por uma experiência pessoal com a Sua misericórdia e com Seu amor; O conhecessem pela Sua morte e ressurreição, verdadeiros dons de Seu amor, do Seu ser divino e salvador; e não pela ideia de obtermos prosperidade e favores que, muitas vezes, acompanham os seguidores do Mestre.
Quando a fama é usada para elevar Jesus
Existem também pessoas famosas, como monsenhor Jonas Abib, em que seu legado aponta para o Senhor e sua popularidade não é para ele mesmo. Em nosso mundo será natural que algumas pessoas gozem de certa consideração e crédito do grande público. Mas o que não podemos é viver em busca disso. Papa Francisco, monsenhor Jonas, até mesmo alguns profissionais chegaram à notoriedade pela realização da sua vocação, buscaram ser aquilo que Deus desejou deles e não sonharam com a fama.
Assim também é com o dinheiro. Não há mal em adquirir bens materiais e obter recursos financeiros. Eles são a materialização dos nossos esforços, dos dons que temos e que colocamos à disposição para servir a sociedade. Porquanto, a remuneração monetária é necessária para o nosso sustento e da nossa família. Mas não deve ser a finalidade última da nossa vida. Dinheiro não compra felicidade nem realização.
Recordo-me de uma bela lição que um pai de uma amiga me deu em minha juventude: sua família tinha uma chácara e sempre convidavam nossa turma de amigos para passar os fins de semana com eles. Comíamos e bebíamos à vontade, além de usufruirmos dos aparatos que existiam naquela chácara. Eles nunca nos deixavam pagar nada. Quando chegávamos lá, tudo para almoço e lanches sempre estava disponível. Eu, vez ou outra, insistia com o pai dessa minha amiga para que ele nos deixasse contribuir, mas ele veementemente se recusava.
Numa dessas vezes, ele me respondeu: “Vocês são amigos da minha filha e gostamos disso porque vocês são boas companhias, vocês têm valores e percebemos a amizade sincera de vocês com nossa filha. Então, a razão de termos esse espaço é para cultivar isso para nossa família. Vocês são também a razão de possuirmos essa chácara, pois
trazem alegria para nós. De que adiantaria ter esse lugar e tudo aqui se não fosse pra dividir com nossos amigos? E isso não tem preço!”.
Aquele dia eu aprendi de forma “grandiosa”, por um testemunho concreto, de que o dinheiro deve estar a serviço do ser humano e não o contrário.
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Também, não caia na tentação de se comparar com outra pessoa. Não fique olhando o que Deus dá a outro e não deu a você. Você já percebeu como temos a tendência de nos atermos à qualidade do outro e nisso acharmos que somos inferiores? Seu ser, sua missão, seus dons, seu propósito de vida é outro, e a pedagogia do Senhor contigo também é diferente de qualquer outro indivíduo. Quando nos compararmos nunca, ou dificilmente, levamos em conta as demoras e os sacrifícios que o outro teve de suportar para encontrar seu caminho. A comparação não é e nunca será um meio para se reconhecer.
Texto extraído do livro “Entenda os planos de Deus para você“, de Sandro Arquejada.