Encontramos as bênçãos abundantemente no Antigo e no Novo Testamento. Por exemplo: em 2Cor 13,14: “A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo sejam com todos vós”.
Deus ordenou: “Dize a Aarão e seus filhos o seguinte: ‘Eis como abençoareis os filhos de Israel: O Senhor te abençoe e te guarde! O Senhor te mostre a sua face e conceda-te sua graça! O Senhor volva o seu rosto para ti e te dê a paz! E assim invocarão o meu nome sobre os filhos de Israel e eu os abençoarei’”( Num 6,23-26).
Era comum, em décadas passadas, os filhos pedirem a bênção aos pais, aos tios, aos avós, aos padrinhos e madrinhas. Deixar de pedir a bênção era uma falta de respeito. Essa tradição veio dos nossos antepassados e remonta aos tempos bíblicos, sendo ensinada e estimulada pelo próprio Deus. É um belo costume que dever ser resgatado, pois, diz a Palavra de Deus: “Honra teu pai por teus atos, tuas palavras, tua paciência, a fim de que ele te dê sua bênção, e que essa permaneça em ti até o teu último dia. A bênção paterna fortalece a casa de seus filhos, a maldição de uma mãe a arrasa até os alicerces” (Eclo 3,9-11).
A bênção de um Patriarca, no Antigo Testamento, era homologada por Deus. Noé abençoou seus três filhos; Melquisedec abençoou Abraão, que abençoou a Isaac e, esse, abençoou a Jacó. A bênção deles era aguardada com ansiedade pelos filhos. Esses sabiam que a bênção do pai poderia trazer boa ou má sorte para o futuro deles. Isaac abençoou a Jacó com as seguintes palavras: “Deus te dê o orvalho do céu e a gordura da terra, uma abundância de trigo e de vinho! Sirvam-te os povos e prostrem-se as nações diante de ti! Sê o senhor dos teus irmãos, e curvem-se diante de ti os filhos de tua mãe! Maldito seja quem te amaldiçoar e bendito quem te abençoar!” (Gen 27,28-29).
A bênção é um sinal sagrado?
A bênção ministrada pela Igreja é sacramental; é um sinal sagrado que é acompanhado de efeitos espirituais obtidos pela intercessão da Igreja. Os sacramentais, como as bênçãos, dispõem os fiéis a receberem o efeito principal dos sacramentos e são santificadas as diversas circunstâncias da vida (Cf.: SC 60; Catecismo n. 1667).
Toda bênção é um louvor a Deus e pedido para obter seus dons. Em Cristo, os cristãos são abençoados por Deus, o Pai “de toda a sorte de bênçãos espirituais” (Ef 1,3).
As bênçãos ministradas pela Igreja têm como objetivo a santificação de certos ministérios; de certos estados de vida; de várias circunstâncias da vida cristã, bem como do uso de coisas úteis aos homens. As bênçãos compreendem sempre uma oração, acompanhada do sinal da cruz, da imposição das mãos ou da aspersão com água benta (que lembra o Batismo).
Diz o Catecismo que as bênçãos dependem do sacerdócio batismal e que todo consagrado é chamado a ser uma “bênção” (Gen 12,2) e a abençoar (Lc 6,28; Rm 12,14; 1 Pe 3,9). Por isso, os leigos podem presidir certas bênçãos (Cf.:SC 79; Cânon 1168, CDC). Porém, quanto mais uma bênção se referir à vida eclesial e sacramental, mais sua presidência será reservada ao ministério ordenado (bispos, padres, diáconos – SC 13). Os pais devem abençoar os seus filhos.
As bênçãos nos livram das ciladas, maldades e tentações do demônio, nos livram dos perigos do corpo e da alma e dão eficácia aos nossos trabalhos profissionais e religiosos etc. Elas podem ser de pessoas (famílias, cônjuges, crianças, filhos, noivos, idosos, antes do parto, enfermos, para uma viagem etc.); objetos (casas, carros, navios, trens, ônibus, aviões, terços, imagens etc.) e lugares (casas, campos, fazendas, pastagens, lavouras, lojas, consultórios etc.). Pode haver bênção de animais, instrumentos técnicos especiais, bênção da mesa e seus alimentos.
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Quais os efeitos das bênçãos?
Certas bênçãos têm um alcance duradouro, por efeito consagram pessoas a Deus e reservam objetos e lugares para uso litúrgico. Entre as destinadas às pessoas (não confundi-las com a ordenação sacerdotal), figuram: a bênção do abade ou da abadessa de um mosteiro; a consagração das virgens e das viúvas; o rito da profissão religiosa e as bênçãos para certos ministérios da Igreja (leitores, acólitos, catequistas, ministros extraordinários da Eucaristia etc.). Entre as bênçãos dedicadas aos objetos, temos a dedicação ou bênção de uma Igreja ou altar; a bênção dos santos óleos; de vasos e vestes sacras; de sinos etc.
A Bênção Apostólica pode-se referir à tradicional bênção que o Santo Padre, o Papa, ministra (“Urbe et Orbi” – à Cidade e ao mundo), em ocasiões especiais como Natal e Páscoa. Pois, ele sendo o Sucessor de Pedro e Vigário de Cristo, tem essa dignidade. Pode ser dada, também, em via extraordinária, por outros prelados: o bispo, três vezes por ano, na própria diocese, nas festas à sua escolha. Os outros altos prelados, mesmo se não fossem bispos, desde o começo do seu ministério, podem dar a bênção apostólica com a indulgência, três vezes por ano, nos territórios onde exercem seu ministério, nas festas à sua escolha.
A bênção é dada no fim das Missas no lugar da bênção ordinária
O Papa concede uma bênção especial às famílias, Congregações etc., mediante solicitação. Para solicitar a bênção direto do Vaticano, em documento tipo pergaminho, os fiéis devem preencher um formulário de solicitação com os devidos dados e enviarem à Esmolaria Apostólica, que é a instituição encarregada da confecção do documento.
A Bênção Apostólica pode ser concedida em várias ocasiões: Batismo, Primeira Comunhão, Crisma, Matrimônio, Ordenação Presbiteral, Profissão Religiosa, Consagração Secular, Ordenação de Diácono permanente, Bodas de Matrimônio etc.
Enfim, tudo que o homem precisa para viver bem, com a graça de Deus, pode ser objeto de uma bênção. No entanto, quem a receber é preciso que tenha fé e ame a Deus, ou seja, não pode ser algo mecânico ou supersticioso.