“Deus fez o homem e a mulher à sua imagem e semelhança” (Gn 1,26). Isto é, Ele foi buscar dentro de Si mesmo o modelo para nos criar. Portanto, não poderia nos ter feito melhor.
E como é o interior de Deus? É amor. “Deus é amor”, nos ensina São João (cf. I Jo 4). E se nos fez à sua imagem, fez-nos por amor e para o amor, como Ele. O amor é difusivo, isto é, sai de si mesmo e vai em busca do outro. Sabemos que Deus é uma bela família, a Trindade Santíssima: um Deus só (uma só natureza ou essência), mas que subsiste em três pessoas distintas, que se amam infinitamente.
Você pode não compreender este mistério de “um em três”, porque não pode compreender toda a intensidade do amor que é Deus. Se você pudesse entender plenamente o amor que há na Trindade, o seu mistério ficaria claro.
O complemento para o amor
Ora, como Deus nos quis à sua imagem, então, fez do amor a razão de ser de nossa vida. Assim, ao estabelecer na terra a humanidade, quis que a sua essência fosse esse amor que é Ele mesmo. Isto esclarece porque, ao criar o homem (= Adão), Deus disse: “Não é bom que o homem esteja só; vou dar-lhe uma ajuda que lhe seja adequada” (Gn 2,18).
Essa ajuda adequada seria para o homem o seu complemento e também alguém para amar, para se doar. É importante notar que Deus, antes de criar a mulher, tinha dado ao homem todos os seres criados, e mandado que ele desse nome a cada um deles. “Dar nome”, na Bíblia, significa tomar posse. Damos nome àquilo que nos pertence: o fazendeiro dá nome à sua vaca; a menina dá nome à sua boneca; os pais dão nome aos seus filhos.
“Tendo, pois, o Senhor Deus formado da terra todos os animais dos campos, e todas as aves dos céus, levou-os ao homem, para ver como ele os havia de chamar; e todo o nome que o homem pôs aos animais vivos, esse é o seu verdadeiro nome”(Gn 2,19). Mas o livro do Gênesis afirma que, tomando posse de todos os seres criados, e pondo nome a todos eles, não se achava para ele [homem] uma ajuda que lhe fosse adequada (v. 20). O que quer dizer isto, senão que faltava alguém que o homem pudesse amar e por quem fosse amado? Faltava o outro, que completaria a sua essência.
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A primeira declaração de amor
A Bíblia não deixa de dizer que foi grande a surpresa e a alegria do homem ao ver a mulher que Deus criara. Foi como um suspiro: “Eis agora aqui, disse o homem, o osso de meus ossos e a carne de minha carne; ela se chamará mulher, porque foi tirada do homem” (Gn 2,23).
Foi a primeira declaração de amor que o universo ouviu. O homem suspirou aliviado, porque Deus tinha então lhe dado ajuda a ajuda adequada; isto é, a sua vocação para o amor podia agora ser realizada. Precisamos dizer aqui – com todo o respeito para com os homossexuais – que Deus assim quis o casal humano: homem e mulher.
A Igreja reconhece, e o próprio Catecismo explica, que a origem e as causas da homossexualidade são ainda confusas, mas a sua prática é classificada como “depravação grave e intrinsecamente desordenada” (Catecismo 2357).
Quando o Parlamento Europeu, em 1994 (no Ano da Família), considerou juridicamente válido o casamento de homossexuais, podendo até adotar filhos, o Papa João Paulo II não se calou; imediatamente condenou esta prática:
“Não é moralmente admissível a aprovação jurídica da prática homossexual. Ser compreensivos para com quem peca, e para com quem não é capaz de libertar-se desta tendência, não significa abdicar das exigências da norma moral… Não há dúvidas de que estamos diante de uma grande e terrível tentação” (Discurso em 20/02/94).