Os Bispos Católicos do Brasil estão reunidos em Itaici, deste o dia 10 e vai até o dia 19/04, na 40ª identidade bem definida dos membros desta instituição, que completa 50 anos de existência. São bispos vindos de todas as partes do Brasil, representando as 270 dioceses que cobrem todo o território nacional, e expressam a organização mais antiga, e mais arraigada junto à população brasileira, que é a Igreja Católica em nosso país.
Desta vez a Assembléia dos Bispos se reveste de caráter celebrativo, em vista dos 50 anos da CNBB. As Conferências Episcopais são uma expressão nova da realidade mais antiga que identifica a Igreja Católica: ela se reconhece na continuidade da Igreja fundada por Cristo sobre os seus Apóstolos, de quem os Bispos são sucessores, por delegação que vem atravessando a história. Pois no entender da Igreja, bispo não se constitui ou se proclama por conta própria ou por méritos de promoção segundo critérios humanos, ele é feito tal por uma ordenação de quem traz a marca da sucessão apostólica.
A pertença ao grupo dos doze, ao colégio apostólico, é a primeira conseqüência para quem é ordenado bispo. Por isto, a comunhão episcopal sempre foi a realidade mais consistente que situava cada bispo no exercício de sua missão apostólica. As Conferências Episcopais vieram dar forma prática, atualizada e localizada nacionalmente a esta comunhão que sempre serviu de referência para os bispos.
Nesta atualização, a CNBB foi pioneira. Por uma intuição muito lúcida de Dom Helder Câmara, que contou com o apoio no Vaticano do então Monsenhor Montini que mais tarde viria a ser o Papa Paulo VI, e com a aprovação do Papa Pio XII, em 1952 foi aprovada a fundação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, a CNBB, como viria a ser conhecida. A CNBB começou dez anos antes do Concílio Vaticano Segundo, que viria propor que todos os países contassem com suas respectivas conferências episcopais. Assim, a Igreja Católica no Brasil se antecipou, e sua conferência serviu de referência prática no Concílio para os bispos de todo o mundo.
Mas a CNBB não foi só pioneira por ter madrugado na história. Ela o foi sobretudo por sua atuação, que se mostrou muito eficaz no seu objetivo primordial de fortalecer a comunhão entre os bispos, e também na sua ação pastoral, servindo de apoio e incentivo para que a Igreja encontrasse respostas adequadas às necessidades pastorais do povo brasileiro.
Este duplo sucesso da CNBB se deve sobretudo pelo acerto de suas estratégias de ação. Para o fortalecimento da comunhão episcopal muito contribuiu a forma democrática e colegiada de repartir as responsabilidades da instituição, através da escolha em assembléia do grupo de bispos incumbidos de assumir a presidência e a coordenação das atividades pastorais, resultando na forma que na prática ficou conhecida como a presidência e a CEP – Comissão Episcopal de Pastoral. Para o sucesso da ação pastoral, muito se deve aos caminhos de inserção da CNBB na realidade brasileira. O mais consistente deles foi, sem dúvida, a Campanha da Fraternidade, que acabou se tornando, anualmente, uma referência para toda a sociedade brasileira. Por outro lado, os planos de pastoral da CNBB foram dando coesão e consistência aos projetos de cada diocese, resultando assim uma ação eclesial com dimensões nacionais.
O meio termo entre a vivência da comunhão episcopal e a ação pastoral foi o apoio dado pela CNBB aos encontros intereclesiais, promovidos pelas CEB s, que ao mesmo tempo fortaleceram internamente as comunidades e as ajudaram a assumir os problemas do povo, desenhando assim uma Igreja unida na mesma fé e comprometida com as causas populares. Nisto podemos reconhecer a importância da CNBB, que nesta assembléia celebra os seus 50 anos de existência.
Dom Demétrio Valentini
Bispo de Jales (SP)