“Quer me amar? Venha descobrir primeiro quem eu sou.” Se quisermos viver profundamente o amor, precisamos cultivar, dia a dia, essas palavras em nossa vida e em nosso coração, pois é certo que não existe amor sem decepção, sem verdade. Só pode dizer que ama aquele que descobre o outro em sua verdade, em suas virtudes e imperfeições; então, entra em cena a decepção e, a partir dela, o autêntico amor.
Quando exigimos de algum ser humano certa divindade e extrema perfeição, tiramos dele aquilo que ele tem de mais precioso: a liberdade de ser gente, de ser imperfeito, de ser humano. Só pode fazer feliz um outro coração aquele que lhe dá a oportunidade de ser aquilo que é, sem precisar fingir nem representar para agradar, enfim, aquele que deixa o outro livre para ser aquilo que é em sua essência e verdade.
Não existe amor sem decepção
Creio ser de grande valia abordar este tema, pois o namoro é uma iniciação ao sacramento do matrimônio e, por isso, com grande apreço e respeito, devemos olhar o sublime ato de namorar e, referindo-me ao namoro, dirijo-me a você que vive essa belíssima experiência de amar.
Saiba que não existe amor sem decepção, e toda virtude humana está adornada pela santa imperfeição. Banir a fraqueza de sua humilde condição é banir de si mesmo a graça de ser filho. Não somos perfeitos, não somos “deuses”, mas sim filhos de Deus, e filho é aquele que é menor, fraco, que depende em tudo do Pai. É isso que nos contextualiza como filhos de Deus, a nossa humana condição de imperfeitos, que nos faz necessitar do auxílio divino em exatamente tudo.
O belo desafio de amar
Por isso, continuo afirmando: “Quer me amar, venha descobrir quem eu sou”, pois quando alguém descobre que não somos o que ele imaginava, porque não trazemos em nós todas as virtudes e toda perfeição que ele idealizava, com certeza, irá nos descobrir em nossa verdade, nos defeitos e virtudes. Se, mesmo assim, continuar acreditando em nós, valorizando aquilo que somos, então, poderemos dizer que somos amados e acompanhados por esse alguém.
Apresento-lhe, hoje, o amor como um belo desafio e lhe peço: permita que seu coração se encante com as fortes fraquezas e com as fragilidades revestidas de forças existentes no coração humano. Acredite: grandes são os frutos que você colherá dessa maravilhosa experiência.
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Ame sempre! Não tenha medo de descobrir quem o acompanha na verdade dele, naquilo que ele é e nada mais. Eis, então, uma grande oportunidade para você saber se o ama de verdade, pois somente a partir do que ele é, sem idealizações nem expectativas, você poderá amá-lo verdadeiramente. Mas somente quando se decepcionar com ele, descobrindo suas inúmeras fraquezas, e se encantar com ele, descobrindo suas grandes belezas, poderá dizer que o ama com profundidade e autenticidade, porque o verdadeiro amor não é tão romântico nem superficial como o que aparece nas telenovelas, o amor é real e concreto, pautado na verdade e não na ilusão.
Deus o abençoe! Esteja pronto para essas belas decepções que lhe farão amar com profundidade.
Encontramo-nos no sabor de outra fala. Coragem!