Os livros sobre as histórias de Harry Potter já chegaram ao Brasil e começaram a causar impacto nas mentes dos leitores. Cada vez mais pessoas perguntam se trata somente de um fenômeno comercial.
Harry Potter, de fato, se converteu em um inexplicável e avassalador fenômeno literário em inglês. Em primeiro lugar, tanto os Estados Unidos como a Inglaterra, tem nas estandes principais das livrarias e nos sites de vendas via internet como entre os mais vendidos.
Mas não se trata de um fenômeno puramente comercial. As histórias de Potter têm conquistado a imaginação de Ingleses e Norte Americanos, a ponto de multiplicar-se como fungos os clubes, sites de difusão na internet e associações literais dedicadas a discutir este fenômeno.
Quem é Harry Potter?
Trata-se de um personagem de ficção, protagonista de dramas humanos e emocionantes aventuras em um mundo imaginário de onde a magia é força dominante, tanto para o bem como para o mal.
A história de Potter, um aprendiz de mago em meio de um complexo mundo, foi criada por Joanne Rowling, uma jovem mãe inglesa solteira e professora desempregada que começou a escrever sua primeira novela dirigida supostamente para as crianças, enquanto cuidava de sua pequena filha em um café perto de sua casa. Um editor inglês, Bloomsbury books, decidiu correr o risco de publicar a obra para crianças, e esta logo se converteu em um fenômeno de vendas, não entre as crianças, mas sim entre adultos.
A editora, de fato, logo teve que trocar a capa original (cheia de desenhos e cores) por outra mais séria, devido a muitos adultos se envergonhavam levar um livro de crianças a lugares públicos.
Em poucas semanas, a obra cruzou o atlântico e se converteu no livro mais vendido dos Estados Unidos; e cada uma das estórias de Harry Potter tem permanecido no topo da lista de vendas e só perdeu a posição quando apareceu a obra seguinte. Até agora foram quatro obras, e Rowling prometeu mais três, para completar uma saga de sete.
Todavia ninguém compreende em que está baseado o segredo desta criação novelística para conquistar tão rapidamente a mente e a imaginação de dezenas de milhões de leitores.
Harry Potter se move num mundo de onde é a magia, e não a tecnologia, a força principal que domina o mundo e move a humanidade. Neste mundo, a aprendizagem da magia é a formação mais importante, ainda mais importante do que seria a educação profissional em um mundo real.
No mundo de Potter, o domínio da magia requer exercer qualidades e correr riscos, e assim como existem partidários da ordem e do bem; existem outros que tem seus próprios projetos de controle e domínio maligno, é a quem Potter, um admirável aprendiz tentará combater.
Devido ao forte despertar de valores que a saga de Potter ressuscitou (já que suas aventuras se movem sempre em coordenadas de luta entre o bem e o mal), as comparações entre a obra e os valores religiosos têm sido inevitável. E assim, sem querer, a Rowling ressuscitou um debate no interior da comunidade católica de língua inglesa: Pode Potter ser tomado como um herói para os católicos, ou pelo contrário, é um perigoso sucedâneo ‘light’?
Ponto de vista de seus defensores:
Seus defensores assinalam que a obra é uma metáfora clara e atrativa da luta entre o bem e o mal em termos claramente normais. Mas ainda, Herry poter enfrenta constantemente situações em que a visão cristã se faz evidente: Não existem bons e maus predeterminados, senão que o bem e o mal se expressão no mundo como conseqüência das decisões de indivíduos que cedem ou não com seus anseios mais elevados e nobres. ,Assim, a linha divisória entre o bem e o mal não está traçada no mundo, mas sim no meio do coração do homem.
E este mistério do mal no coração do homem não é abordado com inocência. Pelo contrario, muitas das conversações entre Harry e seu mestre, o nobre e bondoso Dumbledore, refletem a fineza de consciência do discípulo que se sente embaraçado pelo mistério do mal nele, até o ponto de perguntar-se se não será que não está capacitado para lutar com as forças do bem.
Uma destas complexas conversas entre o discípulo e o mestre conclui com uma poderosa lição: ‘o que te faz diferente de Voldemort ( o personagem perverso da saga) são suas opções’, disse Dumpledore. ‘São nossas opções, Harry, as que mostraram quem somos realmente, muito mais que nossas habilidades’. Harry, descobre assim que a pergunta que deve fazer não é tanto ‘quem no fundo sou?’ porque em todos existem pegadas do mal; mas sim ‘que devo fazer para converter-me naquilo que devo ser?’, já que cada um tem um chamado a viver a plenitude do bem.
Ponto de vista de seus detratores:
Os detratores, ao contrario assinalam que todo o ‘mundo secundário’ de Potter se move em parâmetros de magia e bruxaria, de tal maneira que a racionalidade da ciência é substituída por um certo gnosticismo ao alcance somente dos ‘iniciados’, muito em sintonia com a corrente ‘New Age’ de hoje em dia: Para os críticos, o êxito inexplicável de Potter e sua saga radicaria precisamente na capacidade de apresentar uma moral envolta em componentes misteriosos que tocam as cordas mais sensíveis dos seguidores da ‘Nova Era’.
Recentemente, uma análise do prestigioso semanário católico norte-americano ‘Our Sunday Visitor’ destacava os inegáveis valores da saga de Rowling, mas advertia também que uma seqüência que apresenta a bruxaria de forma tão positiva e a magia de maneira tão encantadora não pode ser considerada como favorável à visão cristã da realidade.
Ainda, leva a crêr que os livros de Potter poderiam induzir à uma visão tolerante, se é que não abertamente favorável, a respeito das tendências ‘New Age’ ou o simples esoterismo, que nos últimos tempos suscitam sérios desafios ao cristianismo.