Foi no mês de novembro de mil novecentos e setenta e sete que o Padre Jonas, reunido com um grupo de jovens de nossa Diocese, pregou durante o fim de semana inteiro sobre o Senhorio de Jesus Cristo. Era um grupo de moças e rapazes que vinham de suas cidades todos os meses, durante dois anos seguidos, para participar do Catecumenato, um curso de Doutrina, baseado no documento do Papa Paulo VI, sobre a Evangelização no Mundo Contemporâneo, o que nos preparou para o grande desafio de assumir, na nossa vida prática, Jesus como nosso único Senhor. O ponto de partida e o ponto de chegada da nossa caminhada: Nenhum de nós vive para si mesmo ou morre para si mesmo. Se estamos vivos, é para o Senhor que vivemos, e se morremos, é para o Senhor que morremos. Vivos ou mortos, pertencemos ao Senhor. Cristo morreu e ressuscitou para ser o Senhor dos mortos e dos vivos (Rm 14, 7-9).
No início de nossa caminhada, vivíamos longe de Jesus; fechados em nós mesmos, inclinados a uma maneira egoísta de vida. Buscávamos nossa própria satisfação, sem perspectiva alguma de eternidade.
Viver para o Senhor, no entanto, significa tê-Lo como o sentido da própria existência, se alimentando da vida que vem do Seu Espírito. Minha vida, agora, gira em função Dele, para a Sua glória. Acontece conosco uma virada na escala de valores: não mais eu, mas Deus: Não sou eu que vivo, mas Cristo que vive em mim(Gl 2,20). É um exercício constante de descentralizarmos de nós mesmos, para centralizarmos em Jesus. É uma revolução Jesus, como Padre Jonas se expressava a nós, jovens.
Escreve São Paulo: Estou persuadido de que nem a morte nem a vida… poderá separar-nos do amor de Deus, Cristo Jesus, Nosso Senhor (Rm 8,38). Para quem crê, a vida e a morte física são unicamente duas fases e duas maneiras diferentes de viver para o Senhor e com o Senhor: a primeira na fé e na esperança, à espera das primícias; a segunda, na qual se entra com a morte na posse plena e definitiva (Raniero Cantalamessa) .
Quem assim aceita viver para o Senhor vai colhendo em sua vida os frutos da alegria e da esperança, pois a própria alegria do Senhor torna-se viva nele: Eu vos disse estas coisas para que a minha alegria esteja em vós e a vossa alegria seja total (Jo 15,11).
Como um escravo faz com seu senhor, Deus espera que entreguemos em Suas mãos a nossa liberdade, para realizar em nós grandes coisas. Assim foi com Maria; assim foi com a Beata Ângela de Folígno, quando, num momento de grande decisão de sua alma, ouviu no seu interior uma voz que lhe dizia: Ângela, que queres? e ela, com toda força, exclamou: Quero Deus!. Deus respondeu: Eu darei cumprimento a esse teu desejo. Com esta exclamação, ela renunciou a própria liberdade e sobre esta renúncia, Deus construiu a maravilhosa aventura de santidade que os tempos não puderam apagar. Já que somos do Senhor, vivamos portanto para o Senhor!