Crer no Espírito Santo é crer na força de Deus enviada sobre nós e anunciada por Jesus. Nunca o Espírito Santo faltou à comunidade, embora nem sempre os cristãos tenham tomado consciência de sua presença e de sua necessidade. Muitas vezes o Espírito Santo foi esquecido, mas ele atua no silêncio e nos corações de cada um que se abre ao amor. A ação do Espírito Santo é silenciosa, dinâmica, é fermento que nos surpreende e nos faz dizer e fazer coisas que nem imaginamos e pensamos. A ação do Espírito Santo é percebida somente por aquelas pessoas que fazem de sua vida uma constante oração e assumem uma atitude de escuta.
O Pentecostes não é um momento passageiro mas sim uma presença constante e permanente. A missão do Espírito Santo nos foi anunciada claramente por Jesus: enviar-vos-ei o Espírito Santo para que ele vos recorde tudo o que vos disse.
O Espírito Santo não tem nada de novo a revelar, nada de novo a anunciar porque tudo o que o Pai tinha para nos dizer nos foi dito na pessoa de Jesus. Mas a nossa memória fraca esquece continuamente a mensagem do Evangelho e por isso necessitamos de alguém que nos lembre disto. E um dia Jesus nos advertiu que tinha muitas coisas para nos dizer mas que não poderíamos suportá-las agora, mas viria o tempo que estas coisas nos seriam ditas… A novidade destas coisas é perceber que o velho e novo caminham juntos e que o velho muitas vezes deve desaparecer para dar espaço ao novo.
As sementes do reino, uma vez lançadas, só esperam o momento oportuno para nascer, crescer e produzir frutos e frutos abundantes. Não podemos de forma alguma buscar novidades, algo que suscite em nós maravilhas, mas sim sermos fiéis às palavras do Evangelho e sermos anunciadores novos desta boa nova, que há 2 mil anos está fecundando o mesmo mundo e a Igreja. É sobre cada um de nós que o Espírito Santo, pela imposição das mãos do bispo no dia do nosso crisma, nos tornou cidadãos do Reino e anunciadores qualificados do Evangelho. E em nós foram derramados os sete dons do Espírito Santo. Como é bonito pensar que nos foi dado o dom da ciência, da sabedoria, do entendimento, do conselho, da fortaleza, da piedade e do temor de Deus. Não numa forma estática mas dinâmica.
Pouco serve ter dons se nós não os deixamos agir em nós. Quem sabe se o risco de muitos de nós é buscar os dons que chamem a atenção, que façam furor. No entanto o apóstolo Paulo, na sua teologia dos carismas, nos recorda que o maior dom do Espírito Santo é o amor, que é eterno como Deus, e que necessitamos nesta vida e depois da morte. Porque o amor nunca será supérfluo e o amor nos leva a viver a dimensão teologal plena do nosso ser inseridos em Cristo Jesus.
O Pentecostes é assumir nossa missão de fermento na comunidade, deixar que a vida seja simples em todos os seus atos. O Espírito não é esquematizar a sua ação mas agir na plena liberdade. O Espírito Santo não é querer ter dons nem dos milagres nem do falar em línguas e nem da interpretação dos sonhos e nem de adivinhar o futuro. O dom do Espírito Santo é se abrir e estar pronto a acolher os dons que ele, o Espírito de Deus, quer nos dar. O Pentecostes foi chamado pelo Papa João Paulo II de a nova primavera do Espírito Santo.
A Igreja é um jardim e nele vão surgindo novas flores que são as novas comunidades cristãs. Toda comunidade que surge, que se renova ou que desaparece é por obra do Espírito Santo. Há uma renovação da Igreja que nos é dada por este dinamismo de morte e de vida. A nós cabe que não sejamos responsáveis pela morte de nenhuma comunidade mas não podemos esquecer que o grão de trigo não produz fruto se não morre. As espigas velhas originam as novas.
O que eu penso das novas comunidades carismáticas? São uma bênção de Deus quando caminham com a Igreja, quando revelam a unidade e a comunhão. São uma desgraça quando caminham sozinhas e não criam a comunhão com a Igreja e com seus pastores. Unidos podemos fazer muito; sozinhos somos destinados ao nada.