União integral

As cinco fases do ato conjugal

O jeito de o casal se relacionar transforma-se em fonte de união ou causa de separação. O ato conjugal nunca é neutro: aproxima ou separa. Na vida conjugal, tudo é importante, cada detalhe é imensamente grande e determinante. Aliás, os detalhes são a realidade mais importante. Ninguém tropeça em uma montanha.

O comportamento humano, no ato conjugal, engloba a personalidade toda, pois nele se fundem o prazer carnal, a expressão do sentimento e a participação do espírito. Dessa forma, entendemos que a união conjugal não é algo meramente físico, mas integral, que vincula tanto no corpo como na alma. Portanto, toda fisiologia e psicologia masculina e feminina interagem na relação, sendo importante lembrar que elas são diferentes em todos os seus mecanismos, inclusive na excitabilidade da mulher e do homem. O processo de excitabilidade da mulher é mais vagaroso que o do homem, ela também demora mais para chegar ao ‘clímax’ sexual e também para ficar satisfeita.

Existe aquela simbologia de que a mulher é como um fogão a lenha e o homem como um fogão a gás. O que serve muito bem para descrever o ritmo sexual de ambos não pode representar um distanciamento e uma negação da possibilidade de encontrarem-se nestas diferenças. Ora, se ambos são fogões, ambos são capazes de “produzir” fogo, e o conhecimento da diferença deve ser o útil instrumento para o encontro do prazer de ambos e nunca uma distância e acomodação nessa busca.

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Conheça as fases do ato conjugal

O prelúdio: O encontro conjugal deve ser especial, para isso deve haver uma preparação. O prelúdio é a fase de preparação para o ato conjugal, importante para que a mulher possa acompanhar o marido na relação.

Pode-se dizer que essa preparação se realiza de forma contínua no decorrer do dia a dia, até mesmo à distância, por meio do cultivo do bom relacionamento mútuo, a boa convivência, estando sempre atentos aos pedidos, desejos e manifestações do outro. Entram aqui a manifestação de ternura, expressões de carinho (um beijo, um abraço) que demonstram amor e conquistam pouco a pouco. A mulher gosta de ser conquistada.

A união: Muitas vezes, a união é procurada intempestivamente pelo marido, sem ainda ser desejada pela esposa. É aqui que se manifesta, verdadeiramente, a generosidade do amor da mulher e a delicadeza do marido. Essa delicadeza exige controle e desprendimento. A generosidade da mulher se expressa no desejo de proporcionar prazer, de dar-se àquele que ama de verdade.

A união deve ser lenta, progressiva e o mais completa possível, devendo prolongar-se o suficiente até que os dois se acalmem perante a emoção inicial que sentiram.

Cérebro x prazer

O prolongamento da união: É nessa fase que se põe à prova toda capacidade de domínio cerebral sobre o instinto sexual. O esposo deve prolongar essa fase, sabendo esperar que a sua mulher sinta com ele do mesmo modo. É um momento de muita importância e enriquecimento, quando o marido – contendo-se – dá à mulher grande prova de amor, esperando por ela; e a mulher, agradecida por essa atenção, com alegria e generosidade, torna-se mais ativa e procura acompanhá-lo da melhor forma, sentir com ele.

Fase lúcida: É a fase da emoção final, que culmina com a deposição do sêmen. Certamente, um momento de grande satisfação, sobretudo se for simultaneamente sentida pelos dois. Ambos se sentem unidos em seus corpos e também bem unidos em seus corações.

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Para o casal, o prazer deve ser uma busca, por isso é preciso ressaltar que a ausência do prazer sexual entre o casal tende a levá-los ao desgaste na estrutura familiar. Desprezar esse prazer, dado por Deus como um dom tão precioso, é um erro. É preciso caminhar na busca dessa experiência. São Tomás tinha razão em classificar, no tratado sobre a virgindade, o prazer sexual como o mais intenso prazer terreno (maximum). Pois o orgasmo é o pináculo do mais intenso prazer da terra. É maravilhoso como Deus fez coincidir tal prazer com a semeadura dos filhos, já que o orgasmo é absolutamente sincrônico, simultâneo à ejaculação (sementes). Todo o corpo participa do orgasmo, até a raiz dos cabelos. A mínima célula dos pés conhece o timbre dessa hora.

Autodomínio masculino

O homem tem a tendência de ter orgasmo antes da mulher. E se ele tenta logo a penetração, sem os cuidados preliminares e sem autodomínio, nunca saboreará o verdadeiro orgasmo planejado por Deus, que é simultâneo e delirantemente duplicado. Se o homem teima nesta conduta – por egoísmo ou falta de autodomínio – e a mulher – por ignorância, por acabar enquadrando a relação sexual dentro de um esquema racional ou por obrigação, esse casal poderá cair em uma frieza sexual. É preciso caminhar numa relação de diálogo e busca de satisfação mútua.

Estudiosos dizem que a reprodução de um padrão de orgasmo, divulgada principalmente em revistas que trabalham o cotidiano feminino, leva muitas mulheres a não pontuarem a sensação sexual que apresentam no coito, pois ficam à espera de uma sensação fantasiada, fora da realidade, conforme prescrevem as revistas e manuais sexuais. Essas mulheres desvalorizam o que sentem e colaboram para fixar uma disfunção que poderia nem ser considerada de ausência de orgasmo.

Outra informação importante: a satisfação orgásmica da mulher está diretamente ligada à estimulação do clitóris. A mulher é capaz de ter outro orgasmo pouco depois de experimentar o primeiro. Se for novamente estimulada antes de terminar a fase do estímulo, normalmente as experiências orgásmicas posteriores serão mais intensas que a primeira; a mulher também pode manter a experiência orgásmica por um período de tempo relativamente longo. Por isso, é lícito que se busque a excitação do clitóris durante os carinhos preliminares, podendo até, nessa excitação, chegar ao orgasmo antes da penetração, e atingi-lo novamente durante a penetração.

Os carinhos e as carícias devem estar presentes também nessa fase.

Hora da mulher

O “poslúdio”: É talvez a fase que a mulher mais aprecia, pois ela ainda continua experimentando o prazer. É momento de o marido, já descontraído e acalmado, continuar atendendo a esposa, dando-lhe o carinho e a atenção de que ela ainda necessita, pois leva muito mais tempo para acalmar-se do que ele. Perante essa atitude do marido, ela sente o amor dele por ela. Nessa fase, o diálogo amoroso continua, porém, conduzido pelo coração. É um grande momento para agradecer um ao outro o seu amor, a sua fidelidade, a sua entrega, e para renovar o desejo de continuarem unidos, ajudando-se a superar as dificuldades normais da vida.

Além de observar essas cinco fases do ato conjugal, existem outros fatores que influenciam na harmonia sexual.

Para o casal conseguir a satisfação plena, cada cônjuge precisa ter firme a intenção, o objetivo de fazer o outro feliz. Nisso deve colocar todo o seu empenho, movido pelo amor ao outro. É preciso saber analisar cada situação, um conhecer melhor o outro; saber o que o outro sente; saber de suas reações e experiências, seus ritmos, de modo que, com amor e por amor, cada um possa adaptar-se ao outro. E assim compreender mais o que o outro está precisando para estar bem.

Fontes:

‘Noivado e casamento’, D. Rafael Lano Cifuentes, ed Marques Saraiva, págs 214-224
‘Para viver um matrimônio feliz’, Salvador Gómez, ed Raboni, págs 93-108
‘Vida sexual no casamento’, Felipe Aquino, ed Cléofas
‘A vida sexual dos solteiros e casados’, João Mohana, ed Globo