O padre misericordioso é aquele que busca, a cada dia, configurar sua vida a de Cristo
Grande é a multidão daqueles que buscam encontrar no padre traços da misericórdia divina. A primeira frase que encontramos na Bula de Proclamação do Jubileu Extraordinário da Misericórdia (Misericordiae Vultus) é: “Jesus Cristo é o rosto da misericórdia do Pai” (MV, 1). Aquele que foi admitido ao Sacramento da Ordem também é chamado a revelar ao mundo este rosto misericordioso de Deus. Diante de tantas dores e sofrimentos, ele será sempre um sinal permanente do amor de Cristo.
O padre misericordioso é aquele que busca, a cada dia, configurar seu ministério aos ensinamentos de Jesus Cristo, o modelo de misericórdia por excelência. Cristo ensina os passos necessários para que a misericórdia se concretize e supere toda forma de artificialidade e exclusão.
Ser misericordioso exige sair de si e ir ao encontro daqueles que são descartados pela sociedade de consumo, porque já não podem mais produzir. Em tempos que o ser humano lentamente vai sendo descartado, o padre deve ser um sinal misericordioso do amor de Deus, que abraça com ternura paternal os menores e mais sofredores. Essa parcela sofrida da população não está distante ou escondida, mas frequenta e participa das celebrações litúrgicas da paróquia em suas diversas comunidades.
Jesus é a plenitude da misericórdia do Pai: “Com a sua palavra, os seus gestos e toda a sua pessoa, Jesus de Nazaré revela a misericórdia de Deus” (MV,1). Sinais da presença do Cristo no mundo, o sacerdote é chamado, também com sua palavra, seus gestos e todo o seu ser, a exemplo de Jesus, a testemunhar a misericórdia divina que abraça toda criatura.
Na palavra que abençoa, que consola, cura as feridas da alma, acalma, perdoa, orienta, aconselha, devolve a esperança e anima a vida de fé, a misericórdia de Deus transforma vidas e chega ao coração de cada pessoa como bálsamo derramado nas enfermidades da alma ferida pelas torturas materiais e espirituais da sociedade.
O padre também é um pai
Um pequeno gesto de amor por vezes evangeliza mais que mil palavras. Por isso mesmo, cada atitude do padre deverá sempre estar impregnada de amor e ser um sinal visível que ajude cada pessoa a mergulhar na misericórdia de Deus. Um sorriso sincero, uma bênção, um abraço, um olhar de compaixão, um aceno com a cabeça, a disposição de ouvir uma dor sendo partilhada, uma visita a um enfermo, uma liturgia bem celebrada são gestos simples, mas essenciais, que apontam para a infinita misericórdia de Cristo que ilumina a vida de cada pessoa. Pequenos gestos fazem grandes diferenças. Todo o ser do padre é um sinal misericordioso do amor de Deus revelado em Cristo, por isso mesmo deve estar constantemente unido ao Senhor para ser, no mundo, sinal permanente de reconciliação e ternura.
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Em sua mensagem para o Dia Mundial das Missões 2016, cujo tema é “Igreja missionária, testemunha de misericórdia”, o Papa Francisco escreve: “…neste Dia Mundial das Missões, todos somos convidados a ‘sair’, como discípulos missionários, pondo cada um a render os seus talentos, a sua criatividade, sua sabedoria e experiência, para levar a mensagem da ternura e compaixão de Deus à família humana inteira”. Todos somos chamados a empenharmo-nos na tarefa missionária da misericórdia, e para que essa mensagem de amor chegue ao coração do mundo, cada um deve colocar-se a serviço com os dons recebidos. Exercer esse convite missionário é criar pontes de amor, diálogo e misericórdia que unam os povos, raças e línguas em um só coração e uma só alma (At 4,32), derrubando os muros que dividem e oprimem.
Os padres devem ser os primeiros a colocarem seus talentos, criatividade, sabedoria e experiência ao apelo missionário de ternura e compaixão. Todas as comunidades eclesiais são chamadas pelo exemplo de seus pastores a se comprometerem concretamente com a urgência missionária de ir até as periferias do mundo e do coração de cada pessoa, anunciando um novo tempo do amor, paz e misericórdia.
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— Canção Nova (@cancaonova) 31 de agosto de 2016