Quem namora sabe: nem tudo é sempre mil maravilhas. E os coraçõezinhos imaginados antes do início do namoro, muitas vezes, partem-se em alguns pedaços. Isso ocorre na maioria das relações humanas porque lidamos com o limitado de cada um – o nosso e o dos outros. Por mais que exista a expectativa de que tudo sejam flores, a realidade é que as frustrações, as decepções e as dores fazem parte também das relações entre namorados. E está tudo bem.
Geralmente, os maiores conflitos tendem a aparecer depois de um tempo de convivência, onde os encantos do início já vão perdendo um pouco o brilho, a necessidade da conquista cedeu lugar às “águas mais profundas” e os esforços para tentar esconder falhas pessoais vão perdendo o sentido. Tudo isso é natural e muito saudável.
A paixão no namoro
Nas primeiras semanas, primeiros meses e até nos dois primeiros anos depois do início do namoro, o apaixonamento ainda é muito presente. Com o tempo de convivência, a intimidade vai se estabelecendo de inúmeras formas, e uma delas é o convívio com os espinhos que cada um tem – e todos têm os seus!
Nos momentos de frustração pela descoberta das falhas do outro, dos equívocos que cometeu e os tais pontos de melhoria que precisam ser reconhecidos, existe uma tendência ao nervosismo e até ao afastamento. Entretanto, é aí que está a grande chance do casal de namorados se aprofundar na intimidade e no conhecimento de quem são como pessoas.
Nas dores que ocorrem com essas frustrações, escondem-se as oportunidades de olhar para a humanidade do outro e amá-lo ali também, enxergando a crueza de suas limitações e suas lutas para se superar. O que mais queremos quando falhamos é um olhar de compreensão, acolhimento, aceitação e parceria de quem nos ama, não é mesmo? Lembre-se que o outro da relação espera o mesmo de você.
Conhecimento de si e do outro
São nesses conflitos de casais que os namorados vão firmando os seus valores, o lugar de parceria e amizade que também ocupam na vida do outro, vão compreendendo quais são os pontos fracos do outro e, assim, caminhando nessa trilha de conhecimento profundo do outro e de si mesmo.
A relação íntima que o namoro promove (falamos aqui de intimidade afetiva e emocional, ok?) é um grande treino também de autoconhecimento, pois, nessa intimidade, cada um se permite ser conhecido pelo olhar do outro, que acaba servindo como espelho para enxergar coisas que sozinho não é possível ver bem.
Com o olhar de amor e amizade do namorado, ambos conseguem construir a confiança, a segurança e a força para caminhar na direção das melhorias necessárias para o amadurecimento de si mesmo e da relação. Afinal, se estão namorando, provavelmente, existe um plano de noivado e casamento que irá promover a união eterna dos dois – se ainda não existe esse plano, pensem sobre isso.
Técnica do A B C
Como terapeuta de casais, gosto muito de dar uma dica importante para os momentos de diálogo quando existe algum conflito a ser resolvido. É a técnica do A B C, que funciona assim: quando estiverem em um momento de conversa na tentativa de resolver algo, é fundamental que haja clareza sobre os sentimentos. Se não há, vocês podem construir isso juntos.
Nessa técnica, a pessoa que vai se expressar diz assim: “Quando ocorreu a situação A, senti uma emoção B, e eu gostaria de me sentir C. O que você acha disso?”.
Essa técnica é valiosa, porque permite que ambos saibam a situação que causou o desconforto (o ponto A), qual tipo de emoção isso gerou no outro (o ponto B) e qual era a expectativa de quem se frustrou (ponto C). Ao fim dessa exposição, quem está falando passa a bola para que o outro também se expresse e traga o seu ponto de vista, perguntando: “O que você acha disso?”. Simples e funcional.
Essa técnica permite que a comunicação seja mais clara e eficaz, pois é exatamente a falha na tal da comunicação que promove a grande maioria dos conflitos nos casais.
Namoro é tempo de aprendizado e crescimento
Lembre-se de que esse momento do namoro é rico em aprendizado e crescimento, sendo que um acaba sendo um agente muito importante no desenvolvimento do outro. Se ambos são parceiros, amigos, confidentes e desenvolvem a confiança nessa relação, a tendência é que cresçam saudáveis e aproveitem os conflitos – que não naturais – para evoluírem na humanidade e espiritualidade.
Ouso dizer que todo problema esconde uma infinidade de pequenos presentes que precisam ser buscados com amor e paciência, para que cheguem nas mãos de vocês em forma de alegria, segurança, confiança, paz, equilíbrio e inúmeros outros benefícios que somente os olhares atentos percebem em meio aos espinhos.