Localizada no ponto mais famoso e pitoresco de Roma, a Basílica de Santa Maria Maior é um local de imenso valor histórico e teológico. Diferente das grandes basílicas constantinianas, foi a primeira construída por iniciativa direta dos Papas.

Basílica de Santa Maria Maior em Roma, Itália.
O nome da Basílica “Santa Maria Maior” reflete sua importância única como:
1 – “Maior”: por considerar a maior e mais importante de todas as igrejas dedicadas a Virgem Maria em Roma e, por extensão, no mundo.
2 – O Primeiro Templo Mariano do Ocidente estabelecendo um precedente para inúmeras outras igrejas marianas, edificado para honrar Maria como Theotokos (Mãe de Deus), dogma proclamado no Concílio de Éfeso em 431, pois, no Concílio de Niceia, já havia sido declarado que Jesus era verdadeiro Deus e verdadeiro homem.
A construção celebra essa verdade de fé, que já ecoava no coração do povo cristão. Foi construída pelos Papas, é o templo mais antigo e um dos mais importantes santuários marianos do Ocidente, e a sua dedicação desta Basílica é celebrada em 5 de agosto.
Devoção ligada à identidade do ministério do Papa
O Bispo de Roma e a devoção ao ícone da Salus Populi Romani está ligada à identidade do ministério do Papa. O Papa Francisco teve uma primordial devoção, notada desde a sua primeira aparição na varanda da Basílica de São Pedro, ao pedir a bênção do povo de Roma. Esse ato foi uma lição de eclesiologia, mostrando uma Igreja sinodal desde o primeiro momento com o seu povo. Pediu para rezar pelo Papa Emérito Bento XVI e rezou uma Ave-Maria como um primeiro ato mariano de seu Pontificado. Cultivou uma devoção especial àquela que é a protetora, saúde, salvação do povo da Diocese, a Salus Populi Romani.
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O sepultamento do Papa Francisco na Basílica de Santa Maria Maior
A visão eclesiológica do saudoso Papa Francisco foi marcada por três definições: definição de Igreja como Povo de Deus, definição central do Concílio Vaticano II, que ele considerava a mais adequada (“o santo povo fiel de Deus”), e a Igreja que é mãe, a Igreja que é missionária. A Igreja, Mãe de um povo missionário, sabe valorizar adequadamente a força evangelizadora da piedade popular (Evangelii Gaudium 122-126). E, de fato, a veneração da Salus Populi Romani é uma expressão forte da piedade popular romana. Ao escolher ser enterrado ali, o Papa Francisco valoriza esta dimensão da fé. Ele mesmo afirmou: “Se você quiser saber quem é Maria, pergunte aos teólogos; mas se quiser saber como amá-la, pergunte ao povo”. Papa Francisco amou Maria “com o coração do povo” e desejou ser enterrado onde o povo romano a venera como sua protetora. Estar enterrado nesta Basílica facilitará a proximidade física e espiritual com o povo, um aspecto prático, mas não menos significativo, é a sua localização.
A Basílica Santa Maria Maior está no meio da cidade, muito perto da Estação Termini, que é um dos corações de Roma como também um ponto central e de fácil acesso pelos meios de transportes no local. Ao escolher a Basílica Santa Maria Maior, o Papa Francisco parece desejar permanecer acessível ao povo mesmo após a sua morte.
A Basílica Santa Maria Maior poderá tornar-se, assim, um santuário não apenas mariano, mas também um ponto de referência e veneração para aqueles que desejam sentir a proximidade do Papa Francisco, junto da Mãe que ele tanto amou e a quem confiou o seu ministério e a sua vida. Sendo assim, a escolha do Papa Francisco é um gesto carregado de simbolismo teológico, eclesiológico e pastoral, coerente com as prioridades e a espiritualidade que marcaram o seu pontificado.
Padre Alexandre Awi Mello Isch
Transcrito e adaptado por Nilza Maia