A Importância da Reparação ao Imaculado Coração de Maria
A Devoção Reparadora dos Cinco Primeiros Sábados é essencialmente uma reparação oferecida a Deus, mediante os pecados pelos quais Ele é ofendido que dizem respeito a Maria Santíssima, sua serva predileta e escolhida para ser a Mãe de Seu Filho Jesus Cristo desde toda eternidade (cf. Lumen Gentium, 61). Essa espiritualidade é parte integrante da Mensagem de Fátima, pois Nossa Senhora dá continuidade aos apelos feitos em Fátima (Portugal) em 1917, com uma aparição específica sobre a reparação no ano de 1925 em Pontevedra (Espanha). Nessa aparição o Menino Jesus e Sua Mãe se apresentam à Ir. Lúcia pedindo reparação dos pecados que ofendem particularmente ao Coração Imaculado de Maria que ferem diretamente à sua Imaculada Conceição, à sua Virgindade Perpétua, à sua Maternidade Divina, bem como, o amor e a crença das crianças para com tão querida Mãe e o respeito e veneração às suas Sagradas imagens.
Os apelos de Nossa Senhora em Fátima
O convite à reparação (Maio de 1917)
De acordo com o conteúdo global da Mensagem de Fátima, observa-se que nas três primeiras aparições de Nossa Senhora em Fátima (Portugal) no ano 1917, Ela colocou em relevo a necessidade de fazer reparação. No dia 13 de maio os três pastorinhos Lúcia, Francisco e Jacinta foram interpelados com o Seu convite: “Quereis oferecer-vos a Deus para suportar todos os sofrimentos que Ele quiser enviar-vos, em ato de reparação pelos pecados com que Ele é ofendido, e de súplica pela conversão dos pecadores? Sim queremos” (Lúcia, 2015, p. 173-174).
O Coração Imaculado de Maria ultrajado (Junho de 1917)
Na aparição do mês seguinte, no dia 13 de junho, a Ir. Lúcia relata que depois de Nossa Senhora assegurar-lhes o desejo de Jesus de estabelecer no mundo a devoção ao seu Imaculado Coração, Ela revela com profundidade o núcleo central de Seu mistério: “à frente da palma de sua mão direita estava um coração cercado de espinhos, que parecia lhe estarem cravados” e acrescenta: “Compreendemos que era o Imaculado Coração de Maria, ultrajado pelos pecados da humanidade, que queria reparação” (Lúcia, 2015, p. 175-176).
O sacrifício pelos pecadores (Julho de 1917)
No dia 13 de julho Nossa Senhora torna a aparecer para as três crianças e lhes faz o seguinte apelo: “Sacrificai-vos pelos pecadores e dizei muitas vezes, em especial sempre que fizerdes algum sacrifício: Ó Jesus, é por Vosso amor, pela conversão dos pecadores e em reparação pelos pecados cometidos contra o Imaculado Coração de Maria” (Lúcia, 2015, p. 176). E, ainda nesta aparição, Ela promete que viria novamente pedir a prática da devoção reparadora nos primeiros sábados: “Virei pedir […] a Comunhão reparadora nos primeiros sábados” (Lúcia, 2007, p. 177).
A promessa e a ameaça (Julho de 1917)
Esse apelo da Santíssima Virgem sobre a reparação continua ecoando nos nossos ouvidos com grande atualidade, já que em seguida Ela afirma: “Se atenderem a Meus pedidos, a Rússia se converterá e terão paz; se não, espalhará seus erros pelo mundo, promovendo guerras e perseguições à Igreja. Os bons serão martirizados, o Santo Padre terá muito que sofrer, várias nações serão aniquiladas. Por fim, o Meu Imaculado Coração triunfará” (Lúcia, 2015, p. 177). Dessa fala da Santíssima Virgem, conclui-se que de nossa fidelidade ao carisma da reparação, pedido por Ela e pelo Menino Jesus, pode-se mudar o futuro do mundo.

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A aparição em Pontevedra e a instituição da Devoção
A aparição em Pontevedra (Espanha) também conhecida como o cumprimento da grande promessa, na qual é instituída a Devoção Reparadora dos Cinco Primeiros Sábados, a Ir. Lúcia é a única interlocutora, pois, o Francisco e a Jacinta já haviam sidos levados para o céu, conforme prometera Nossa Senhora na aparição de junho 1917. Ao narrar o diálogo com o Menino Jesus e com Sua Mãe Santíssima, a Ir. Lúcia refere-se a ela própria, na terceira pessoa do singular, como veremos a seguir:
O pedido do Menino Jesus e de Nossa Senhora (Dezembro de 1925)
No dia 10 de dezembro de 1925, apareceu-lhe a Santíssima Virgem e, ao lado, suspenso em uma nuvem luminosa, um Menino. A Santíssima Virgem, pondo-lhe no ombro a mão e mostrando, ao mesmo tempo, um coração que tinha na outra mão, cercado de espinhos. Ao mesmo tempo, disse o Menino: ‘Tem pena do Coração de tua Santíssima Mãe, que está coberto de espinhos que os homens ingratos a todos os momentos lhe cravam, sem haver quem faça um ato de reparação para os tirar’. Em seguida, disse a Santíssima Virgem: ‘Olha, minha filha, o meu Coração cercado de espinhos que os homens ingratos a todos os momentos me cravam, com blasfêmias e ingratidões. Tu, ao menos, vê de me consolar e diz que todos aqueles que, durante cinco meses, ao primeiro sábado, se confessarem, recebendo a Sagrada Comunhão, rezarem um Terço e me fizerem quinze minutos de companhia, meditando nos quinze mistérios do Rosário, com o fim de Me desagravar, eu prometo assistir-lhes, na hora da morte, com todas as graças necessárias para a salvação dessas almas’ (Lúcia, 2015, p. 192).
Reparar é Amar
A importância da reparação pessoal
De acordo com o conteúdo dessa aparição, observa-se que o fator fundamental da devoção ao Imaculado Coração de Maria, destacada na aparição de junho de 1917 por Nossa Senhora em Fátima, é a reparação, feita em cada primeiro sábado do mês e sobretudo, na vida quotidiana de acordo com os pilares da Mensagem de Fátima que podem ser resumidos na oração e na penitência como convite à conversão e na vivência da reparação. Ao dizer “tu ao menos vê de me consolar”, a Virgem Maria destaca que a reparação que Deus espera no primeiro sábado de cada mês, precisa ser feita de modo pessoal, isto é, Ela nos revela que somos insubstituíveis em tal prática reparadora.
Unir-se ao amor de Deus
De acordo com os atos reparadores que Nossa Senhora pede na aparição de Pontevedra, constata-se que reparar é amar, tendo como centro o amor por Jesus Cristo que através de Sua entrega total – sempre presente na vida da Igreja e no mundo – continua ensinando que a Sua grande paixão é a reparação dos pecados da humanidade. Logo, pode-se afirmar que a reparação nasce de um renovado amor por Jesus Cristo que implica o nosso comprometimento com Ele no tocante à salvação do mundo.
À luz da Mensagem de Fátima pode-se concluir que fazer reparação é unir-se ao amor de Deus pelo gênero humano com Cristo Redentor, procurando amar como Ele ama. É por isso, que os quatro atos reparadores pedidos por Nossa Senhora são cristocêntricos: a Confissão, a Sagrada Comunhão, o Santo Terço e a meditação da Palavra de Deus, feitos com a intenção de desagravar o Seu Coração Imaculado. É em comunhão com a reparação de Jesus que o nosso amor reparador se torna eficaz, já que somos convidados a completar na nossa carne o que falta à Paixão de Cristo, em favor de Seu Corpo que é a Igreja (cf. Col 1,24). Então, reparar é cooperar com Jesus na obra da redenção.
A Reparação como Consolação
Com efeito, vale destacar que a reparação tem também uma perspectiva de consolação, isto é, quando oferecemos a Deus as nossas orações, os nossos pequenos e grandes sacrifícios em reparação, não buscando a nós próprios, mas, sobretudo, consolar o Senhor. De certa forma, também pode-se concluir que a reparação é uma forma de concretizar o mandamento do amor: “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos” (cf. Mt 22, 36-39). Nesse mandamento Jesus resumiu a Lei e os Profetas. Com essa prática, consolamos a Deus – amando-O sobre todas as coisas – e cooperamos na salvação dos nossos irmãos – vivenciando o amor ao próximo.
Consolar o Senhor
Para obter maiores informações sobre o carisma da reparação, você poderá adquirir o livro que escrevi sobre a Devoção Reparadora dos Cinco Primeiros Sábados pelo site da amazon.com.br (esgotado em nossa loja Canção Nova) e também vivenciar essa espiritualidade em cada primeiro sábado do mês pelo instagram: aureamariadevocaoreparadora. A Virgem Maria lhe convida a dizer ‘sim’ ao seu apelo e desse modo apressar o triunfo do Seu Coração Imaculado.
Áurea Maria
Teóloga da Comunidade Canção Nova
REFERÊNCIAS
BÍBLIA. Português. Bíblia de Jerusalém. Tradução de Euclides Martins Balancin et al. São Paulo: Paulus, 2002. 2206 p.
CONSTITUIÇÃO DOGMÁTICA Lumen Gentium sobre a Igreja. In: COMPÊNDIO DO VATICANO II: constituições, decretos, declarações. 31. ed. Petrópolis: Vozes, 2016. p. 37-117.
IRMÃ LÚCIA. Memórias da Irmã Lúcia. 17. ed. Fátima – Portugal: Fundação Francisco e Jacinta Marto, 2015.