Quero continuar aqui a nossa catequese com enfoque litúrgico sobre a Quaresma e, principalmente, dos dias mais “especiais”. Já foi comentado o que é a Quaresma, agora, vamos tratar, especificamente, sobre a Quarta-feira de Cinzas, sob o olhar do livro “Entrarei no Altar de Deus”, de Michel Pagiossi.
A celebração da Quarta-feira de Cinzas dá início ao período quaresmal. Os relatos indicam que esse dia já era celebrado desde o século VIII; e a partir do século XI a imposição das cinzas toma lugar permanente. Naquele tempo, o costume era receber a imposição de pés descalços, incluindo o Papa, que caiu em desuso por diversos motivos. Atualmente, além da Santa Missa de preceito, deve-se também fazer jejum e abstinência, ou seja, não comer carne vermelha acrescido do jejum de uma refeição.
Foto Ilustrativa: gabrielabertolini by Getty Images / cancaonova.com
De onde as cinzas vêm?
O ideal seria que as cinzas fossem feitas com os ramos de oliveiras ou outras árvores que foram abençoadas no Domingo de Ramos do ano anterior. Um mês antes, os fiéis deveriam ser avisados para que levassem os seus ramos bentos à Igreja, para que os queimasse, então, fariam as cinzas. Infelizmente, certas práticas como essa caíram em desuso, devido à dificuldade de juntar os ramos.
A cinza deve recordar ao fiel a sua condição de fragilidade humana, sua vida miserável e passageira, estimulando a prática da penitência. A celebração é feita com paramentos roxos por conta dessa temática espiritual. Omite-se o ato penitencial que é substituído pela imposição das cinzas, assim como o “Glória” e o Credo. Após a homilia, inicia-se o rito, o sacerdote impõe-se a cinza ou algum concelebrante a deposita, seguido dos fiéis em fila. As palavras ditas são: “Convertei-vos e crede no Evangelho” (Mc 1,15) ou “Lembra-te que és pó , e ao pó hás de voltar”.
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Momento da imposição das cinzas
O modo de aplicar as cinzas é livre, podendo ser posto em forma de cruz, no topo da cabeça ou na fronte. Durante a imposição, o ideal é que se cante cânticos penitenciais, dando prioridade aos cantos propostos pelo Missal Romano. Dessa maneira, o melhor é que os músicos ensaiem essas antífonas para serem cantadas durante o momento. A partir daí, a celebração segue como de costume.
Pode ou não pode retirar as cinzas da cabeça?
Outra dúvida comum é se depois da missa pode-se retirar as cinzas. A resposta é que sim. Por conta da vergonha, muitas pessoas querem retirar as cinzas da cabeça e isso é válido. O mais importante é manter no coração o sentimento proposto pela celebração, os propósitos de penitência e a conversão. Isso é o essencial.
Eu, particularmente, acho interessante deixar as cinzas na cabeça, acredito que seja um sinal do dia que está sendo celebrado, um testemunho para quem não é católico. Várias vezes, ao final da missa, já vi nas ruas e mercados as pessoas com a testa marcada e fico feliz por essa atitude corajosa. Recordo-me até mesmo do meu pai, pois, quando eu era criança, o via fazer questão de permanecer com as cinzas, trabalhava com elas e até falava comigo para que eu também as deixasse em mim. Porém, fica ao seu critério!
Que Deus, nosso Pai, nos inspire a pôr em prática esses ensinamentos.
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