Um Natal sem a presença de Deus, que veio estar conosco, só pode ser um Natal sem graça, mas mesmo os descrentes ainda participam das migalhas da festa da fé. Dizem que o Natal deste ano vai ser bom, com mais dinheiro na praça e comes e bebes mais em conta.
São as pequenas alegrias da superficialidade de ver a felicidade na facilidade de ter mais. No comércio já é Natal, o Natal de presentes, de luzes e enfeites pendurados em árvores de plástico, de um Papai Noel importado da França que tomou o lugar do Menino Jesus, Deus presente para nós.
A figura do Papai Noel tem sua origem em São Nicolau, um bispo do século IV que levava presentes às crianças pobres. No meu tempo de menino na Suíça, no dia seis de dezembro, um visitante vestido de São Nicolau trazia pequenos presentes às crianças. Antes, um ajudante dele censurava nossas traquinagens, as quais misteriosamente conhecia. No Natal mesmo, quem mandava os presentes era o Menino Jesus.
Os enfeites do Natal comercial podem esconder o sentido da festa para muitos, mas também ajudam a lembrar o dia da chegada do Salvador, dia de festa para todos, até mesmo para quem festeja o aniversário sem lembrar o Aniversariante.
A Igreja nos convida a preparar o aniversário de Jesus com o tempo do Advento, que nos faz lembrar o tempo anterior à vinda do Salvador, especialmente os dezoito séculos da história do povo eleito a fim de preparar o ambiente para Sua chegada.
O Natal é festa de presentes, pequenos gestos de amor. Para lembrar o maior momento da história da humanidade, o grande acontecimento da manifestação do amor de Deus que veio estar conosco, se fez presente para nós. O presente maior é a presença. Num mundo de trevas surgiu uma luz.
A religião cristã é a religião da presença de Deus no mundo dos homens. Agora, dois mil anos depois, muitos ainda andam na escuridão, mesmo em países onde quase todos se dizem cristãos. No Brasil, no maior país católico do mundo, apenas uma minoria dos católicos participa da vida da Igreja. Na maioria das cidades, nem 10% dos jovens participam da Santa Missa no domingo, dia do Senhor.
Pode conferir na sua paróquia. De vinte jovens, dezoito ou dezenove não dão valor ao encontro com Jesus e não procuram seguir Seus ensinamentos. Muitos deles preferem festas com bebidas e drogas piores. Procuram os prazeres da promiscuidade. Numa cidade onde fui pároco havia mais jovens no “brega” do sábado que na Missa do domingo. Que tipo de família vão construir? Que tipo de sociedade?
Sem a firmeza da fé, muitos ficam presas fáceis de traficantes, estragam seu futuro e deixam de fazer a sua parte na construção de um mundo melhor.
Mais vale acender uma vela que ficar a queixar-se das trevas. O mundo está cheio de pessoas que perdem tempo com reclamações contra os outros. Faltam jovens que tenham a coragem de viver pessoalmente o que pregam aos outros. Só teremos um Brasil melhor com brasileiros melhores. O mundo só será melhor com homens e mulheres melhores.
O problema maior está na falta de formação cristã. Falta de conhecimento dos fundamentos racionais da fé. Aí está a sua missão, jovem cristão: Fazer brilhar a luz de Cristo para quem ainda caminha nas trevas. Ajudar a amar a Deus acima de tudo e amar o próximo como a si mesmo.
Como dizer isso a pessoas que não têm certeza nem sobre a existência de Deus, Criador de todas as coisas? Não sabem que a família humana é a obra-prima do Criador que nos colocou no mundo para cuidar da Sua obra.
A fé não é apenas questão de razão, mas não é contra a razão. Neste mundo de ciência e tecnologia precisamos superar as contradições entre fé e razão, entre religião cristã e ciência. Missão não é questão de propaganda, mas a missão dos cristãos é fazer com que a mensagem de Jesus possa ser conhecida por todos que desejam viver na verdade.
Temos argumentos e devemos usá-los, mas o que conta mesmo é o exemplo. Nisto todos poderão saber que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros. Jesus é a luz do mundo e quer que você seja também.
Desde já desejo um Feliz Natal para você que é chamado a fazer brilhar a sua luz num mundo de trevas.