A data recorda o onomástico do Papa Francisco. Entenda como a lenda do dragão moldou a fé de milhões
A Igreja celebra hoje (23/04) o dia de São Jorge, o santo do papa Francisco, Jorge Mario Bergoglio. Durante sua vida, não recebia presentes nessa data, mas costumava celebrar com orações e visitas a pessoas pobres e em situação de rua, além de enviar ajuda a diversos países como respiradores para hospitais.
Ao redor da história de São Jorge circulam muitas tradições. Quem nunca ouviu falar do lendário triunfo de São Jorge sobre o dragão? Muitos dizem que, ao olhar para a lua, é possível enxergar a silhueta do santo montado em seu cavalo, espada em punho, apresentando uma criatura temível. Mas qual é a verdadeira história desse santo tão popular, padroeiro do Rio de Janeiro, do Corinthians, da Inglaterra e dos escoteiros?

Créditos: Imagem gerada por Inteligência Artificial / CHAT GPT
A figura de São Jorge está envolta em mistérios e mitos que atravessam séculos. “Inúmeras e fantasiosas histórias surgiram em torno da figura de São Jorge”, afirma o site do Vaticano. Entre elas, destaca-se o famoso conto do dragão e da jovem salva pelo cavaleiro. Segundo a tradição, durante as Cruzadas, na cidade de Selem, na Líbia, havia um lago habitado por um terrível dragão. Para aplacá-lo, os moradores ofereciam, diariamente, duas ovelhas e, depois, uma ovelha e um jovem escolhido por sorteio. Certo dia, a filha do rei foi sorteada. Quando caminhava em direção ao lago, Jorge apareceu e, com lançamento sua, derrotou o dragão. Esse gesto tornou-se símbolo da fé triunfando sobre o mal.
Mas, afinal, quem foi São Jorge?
Seu nome, de origem grega, significa “agricultor”. Nascido na Capadócia, região que hoje faz parte da Turquia, por volta do ano 280, em uma família cristã, Jorge mudou-se para a Palestina e alistou-se no exército do imperador Diocleciano. Em 303, quando o imperador decretou a perseguição aos cristãos , Jorge doou todos os seus bens aos pobres e, diante do próprio Diocleciano, rasgou o edito e professou sua fé em Cristo. Por isso, sofreu terríveis torturas até ser decapitado.
Seu corpo foi sepultado em Lida, antiga capital da Palestina, hoje cidade israelense próxima a Tel Aviv. No local, foi erguida uma basílica que guarda seus restos mortais. Um dos registros mais antigos sobre São Jorge é um texto grego de 368, que menciona a “casa ou igreja dos santos e triunfantes mártires Jorge e seus companheiros”.
De mártir a guerreiro sagrado
Os cruzados se desenvolveram muito para transformar a figura de São Jorge mártir em um santo guerreiro, pretendendo simbolizar a morte do dragão como a derrota do islamismo. Na Inglaterra, Ricardo Coração de Leão o invocou como protetor de todos os guerreiros, no século XII. Com os normandos, o seu culto se enraizou fortemente na Inglaterra, onde, em 1348, o rei Eduardo III distribuiu a Ordem dos Cavaleiros de São Jorge. Ao longo da Idade Média, sua figura se tornou tema de uma literatura épica.
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Devoção a São Jorge
Comemorado no dia 23 de abril, São Jorge é considerado padroeiro de cavaleiros, soldados, escoteiros, esgrimistas e arqueiros. É invocado contra pestes, lepra e cobras venenosas. Curiosamente, também é reverenciado pelos muçulmanos, que o chamam de “profeta”.
Em 1969, devido à escassez de informações históricas, a Igreja Católica rebaixou sua festa litúrgica a uma memória facultativa, sem, contudo, diminuir a devoção popular. Suas relíquias estão espalhadas pelo mundo, como os crânios guardados na igreja de San Giorgio al Velabro, em Roma, por ordem do Papa Zacarias.
Assim como acontece com outros santos envolvidos em lendas, pode-se concluir que São Jorge representa uma mensagem fundamental: o bem sempre triunfa sobre o mal. A luta contra o mal é uma dimensão sempre presente na história da humanidade , mas essa batalha não pode ser vencida sozinha: São Jorge derrota o dragão porque é Deus quem envelhece nele. Com Cristo, o mal jamais terá a última palavra.
Rodrigo Luiz dos Santos
Missionário na Canção Nova, Rodrigo Luiz formou-se em Jornalismo pela Faculdade Canção Nova. É casado com Adelita Stoebel, também missionária na mesma comunidade. Autor de livros publicados pela Editora Canção Nova.