Oração

Oração dos justos

Um antídoto para a divisão e o ódio

Dando sequência às nossas catequeses sobre a virtude da oração durante este Ano da Oração, em preparação para o Ano Jubilar da Esperança em 2025, vamos refletir sobre o tema: a oração do justo.

A semente da discórdia

Para guiar nossa reflexão, vamos usar a catequese do Papa Francisco em 27 de maio de 2020, quando ele abordou o ciclo de orações. O Papa inicia citando Caim e Abel, personagens do Antigo Testamento que representam a primeira fraternidade, destruída pela inveja. Caim e Abel, os primeiros filhos de Adão e Eva, nutriam um relacionamento com Deus e Lhe ofereciam as primícias – os primeiros frutos da colheita ou do rebanho. Deus aceitou a oferta de Abel, mas não a de Caim. 

Essa situação ilustra o nascimento da inveja, que evolui para raiva, ódio e culmina na morte de Abel pelas mãos do próprio irmão. O afastamento de Deus nos afasta da nossa humanidade, levando-nos a agir guiados por sentimentos negativos.

 Oração e confiança que salvam

Também encontramos, no Antigo Testamento, o exemplo de Noé, um homem justo que caminhava com Deus. Sua intimidade com Deus o tornou peça fundamental para salvar a humanidade do dilúvio. Noé mudou o curso da história por meio de sua fé e obediência.

O desafio da divisão nos dias atuais

O mundo atual, assim como nos tempos de Noé, é marcado por divisão, inveja e ódio entre nações, família e até mesmo dentro das nossas comunidades de fé. Deixamos que pequenas situações nos afastem do próximo, esquecendo que existe algo muito maior que nós mesmos: Deus.

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O Papa Pio XII disse: “A oração de poucos salva muitos, porque a oração do justo é eficaz”. Noé, em sua intimidade com Deus, fez a diferença. E nós, como podemos fazer a diferença no nosso dia a dia?

A oração constante: caminho para a transformação

Não podemos nos considerar justos, pois só Deus é justo. Mas podemos fazer a nossa parte sem desistir ou desanimar. Devemos perseverar na oração, mesmo diante dos “dilúvios” e desafios da vida.

Jesus: modelo de perdão e confiança na oração

Jesus nos deixou o exemplo no Getsêmani. Acusado, preso e torturado, Ele se calou e confiou em Deus. Tanto no Sinédrio quanto na cruz, Jesus manteve sua fé, como expresso no Salmo 22, um salmo de confiança em Deus.

A força da intercessão

A oração do justo faz a diferença, mesmo em um mundo dividido pelo ódio e injustiças. Por isso, oremos sempre, em todos os momentos: nas alegrias, nas tristezas, em comunidade ou individualmente. Nossa oração, por meio da comunhão dos santos, tem o poder de impactar pessoas e realidades que sequer conhecemos.

Vencendo o mal com a força do bem

Não podemos desistir da humanidade. Vivemos em um sistema que busca destruí-la, mas Cristo nos salvou para que tenhamos vida eterna! Não podemos desistir de nós mesmos, da nossa humanidade.

Um apelo à ação

Não precisamos ser perfeitos para orar como justos. Basta orarmos com sinceridade, buscando honrar a Deus e clamando por um mundo melhor. A mudança exige oração e ação, para que, assim como Noé, possamos contribuir para a salvação da humanidade.

Que a oração nos capacite a dar o nosso melhor, tanto material quanto espiritualmente para aqueles que necessitam. Não desistamos de ninguém, pois Deus não desiste de nós! Que a oração nos encha de amor e compaixão para que possamos, com a coragem de Noé, ajudar a salvar a humanidade.

Deus abençoe vocês! Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém.

Padre Jonathas Fernandes de Souza
Sacerdote pertencente ao Vicariato Apostólico de Mitú, na Selva Amazônica Colombiana. Brasileiro que, há 9 anos, trabalha nessa missão.  Sacerdote ordenado há seis anos.