Catequese

Liturgia e oração: testemunho e comunhão

Liturgia e oração pessoal

A oração cristã é sempre uma oração de comunhão e resposta ao chamado de Deus. É o único meio que o homem possui para falar com Deus. Deus pode se comunicar conosco da maneira que desejar, mas nós só podemos nos comunicar com Ele através da oração. Este é um ponto pacífico e comum em nossa doutrina cristã católica.

Cultivando a vida de oração através da liturgia

A oração cristã, porém, não se limita à oração intimista, sem ritos ou liturgias, ou à oração pessoal. Existe também o ato público de rezar da Igreja. A Igreja não é apenas uma instituição de caridade ou de ensino. Ela é o corpo místico de Cristo, o sacramento universal da salvação. Ela é mãe e mestra, e seus ritos são o testemunho público de Aquele a quem serve.

A escola de oração

A liturgia, por excelência, é o ritual, o ato público da Igreja que professa sua fé e recorre a Deus, adorando-O e louvando-O em tudo o que faz. Por isso a liturgia é a grande escola de oração para todo fiel católico. Não é possível amar e rezar a Deus, sendo católico, e desprezar a oração e a liturgia.

Aprofundando a fé litúrgica e sacramental

É preciso que sejamos, cada vez mais, homens e mulheres de fé litúrgica e sacramental. O Catecismo da Igreja Católica, no número 2645, afirma: “A missão de Cristo e do Espírito Santo, que na liturgia sacramental da Igreja anuncia, atualiza e comunica o mistério da salvação, prolonga-se no coração de quem reza”. Os padres espirituais, por vezes, comparam o coração a um altar. A oração interioriza e assimila a liturgia durante e após sua celebração, mesmo quando vivida em particular. A oração é sempre a oração da Igreja, comunhão com a Santíssima Trindade.

Anúncio, atualização e comunicação do Mistério da Salvação

Na liturgia sacramental da Igreja, Cristo e o Espírito Santo anunciam, atualizam e comunicam o mistério da salvação. Este é o testemunho público da Igreja. A liturgia anuncia a salvação. Sempre que a Igreja celebra publicamente a liturgia – e por isso ela deve ser celebrada com as portas abertas – ela anuncia e convida as pessoas a testemunharem o mistério da salvação. É o anúncio querigmático do Salvador.

Santificando o tempo e a vida através da liturgia

A liturgia também é a atualização daquele único sacrifício de redenção que Jesus fez na cruz por cada um de nós. É a comunicação da graça, pois a liturgia comunica, através dos sinais eficazes e sacramentais, a graça redentora à humanidade. Ao utilizarmos os sinais e símbolos religiosos, comunicamos a graça redentora, por meio desses símbolos, às pessoas que ouvem, participam e rezam na liturgia. Santificamos o tempo, as horas, a matéria, nossa alma e o louvor. A liturgia tem o importante papel de ser instrumento de santificação e testemunho público de oração. Ela se prolonga no coração e na vida do fiel.

Vivendo a vida litúrgica

Assim, no rito litúrgico e no testemunho público de fé, podemos viver, em nossa intimidade, a experiência de comunhão com Nosso Senhor e a Santíssima Trindade. A liturgia é um caminho seguro para aprendermos a rezar. É instrumento público de redenção. O católico que não vive a vida litúrgica não santifica o ano, o tempo, as horas e a própria vida. O ano litúrgico, a vida litúrgica da Igreja, é o modo como a Igreja, em unidade com Cristo, oferta ao Pai e atualiza para os fiéis o mistério da redenção.

Valorizemos, portanto, a liturgia, rezemos e aprendamos a rezar com ela. Deus os abençoe, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém.

Padre Bruno Otenio
Membro do clero da Diocese de Guarulhos. É formado em Filosofia pela UNIFAI-SP e bacharel em Teologia pela PUC-SP. Possui uma especialização em Logoterapia e Análise Existencial pelo Instituto Gewissen. Atualmente, é mestrando em Teologia Moral na Pontifícia Academia de Teologia Moral Alfonsiana em Roma na Itália, e faz pós-graduação em Psicologia Tomista pelo Instituto de Psicologia Tomista.

Transcrito e adaptado por Jonatas Passos