Jubileu 2025

Jubileu da Esperança, o caminho para uma nova realidade

Ano Jubilar 2025, uma jornada de esperança para o mundo

A Igreja Católica convida o mundo a celebrar o Ano Jubilar 2025, experiência que pode alimentar a luz da esperança, para fazer de todos peregrinos de esperança. Um investimento humano e espiritual para enfrentar desesperanças causadas pela escuridão que paira no céu do mundo contemporâneo, agravada pelas guerras, disputas de todo tipo que pesam sobre os ombros de todos.

Jubileu da Esperança, o caminho para uma nova realidade

Igor Alecsander / GettyImages

O caminho jubilar tem propostas celebrativas e dinâmicas vivenciais capazes de resgatar o ser humano com a luz da esperança que reveste o viver de um profundo e adequado sentido, iluminando horizontes que inspiram a edificação de uma nova realidade, aguardada por todos.

Caminho espiritual, a fonte para a reconciliação

Na multíplice riqueza do horizonte humanístico e espiritual da Igreja, seja destacada a orientação para que cada pessoa reconheça que o ser humano tem sede do amor de Deus, conforme bem ensina o Papa Francisco, no 4º capítulo da Carta Encíclica sobre o amor humano e divino do Coração de Jesus. Deus foi o primeiro a amar. O princípio fundante do amor de Deus, assim, vincula a humanidade ao compromisso de amar sempre, até mesmo os inimigos.

Um compromisso capaz de instituir nova lógica humanística, com força para corrigir descompassos nas relações humanas. A sede do amor de Deus cura descompassos de outras “sedes”, a exemplo da ilimitada ambição pelo poder, que tanto fere a dignidade humana. Há de se admitir sobre a necessidade de um caminho espiritual que é fonte de reconciliação e de amizade social, inspirando ainda um novo estilo de vida, mais respeitoso com a casa comum.

Sede inesgotável, encontrando plenitude no amor de Deus

A sede de Deus direciona o ser humano para um manancial inesgotável e encantador, detalhado na promessa de Deus ao seu povo. A qualidade do amor divino, com propriedades únicas, devolve e garante à humanidade uma existência plena, muitas vezes procurada em outros lugares ou referências. Quando se busca conquistar uma existência plena em outras referências, desconsiderando o amor de Deus, convive-se com um vazio existencial que compromete a vida.

Deus é vivificante, oferece ao mundo uma sabedoria que ilumina o caminhar de cada dia. Por isso os cristãos contemplam um homem trespassado de onde brota, do seu lado aberto, no alto da cruz, a água da benevolência e da súplica, fazendo emergir a garantia de vida nova. A vida nova nasce e fecunda-se pela experiência de fixar o próprio olhar no crucificado e focalizar bem o seu lado aberto, ferido pela lança do soldado. Acolher a voz de Cristo – com aquela palavra por Ele proferida, solenemente, na Festa das Tendas, no dia mais solene, em Jerusalém, conforme narra o Evangelista João: “Se alguém tem sede, venha a mim… hão de correr do seu coração rios de água viva”. Compreende-se o especialíssimo poder da cruz de Cristo para saciar a sede de Deus. Contemplá-la é uma experiência capaz de inspirar grandes e inesperadas mudanças no coração humano.

Buscando a renovação espiritual através da contemplação do crucificado

Contemplar o crucificado é reconhecer o amor de Deus sempre declarado à humanidade. Um amor eterno, com propriedades para entrelaçar corações e vidas, para fazer vencer, sempre, a misericórdia. Ao longo da história, tornou-se cada vez mais sólida a devoção da Igreja ao Sagrado Coração de Jesus – fonte permanente de vida para quem o ama. A fé cristã encontra aí um caminho para dessedentar-se no amor de Deus, desdobrando-se em uma força espiritual transformadora, que arquiteta condutas de mártires, de evangelizadores, de vidas vividas segundo a lógica do amor fraterno e solidário.

Leia mais:
.: Professor Felipe Aquino explica a Bula pontifícia para o Jubileu 2025
.: O Natal e o Jubileu: tempo de esperança e reconciliação
.: O trabalho pastoral no Jubileu da Esperança de 2025
.: Experimentar o amor de Deus

Reconhecer a sede de Deus e saciá-la a partir do Sagrado Coração de Jesus possibilita a experiência de um renascimento, alcançando o sentido existencial do viver, alicerce da coragem e da arte essenciais para trilhar os caminhos da vida. Uma força transformadora que brota do amor e muito ajuda na cura das doenças atuais. Do coração de Cristo vem a plenitude do Espírito Santo que não permite distanciamento do amor de Deus.

O silêncio do coração, a sabedoria e a intimidade com Jesus

Jesus, com o seu coração, destrói o espírito maligno que tenta dominar e adoecer cada pessoa. A sede de Deus precisa, pois, ser reconhecida e cultivada, de modo especial pela devoção ao coração de Jesus, lugar de encontro pessoal com o Senhor – assim já ensinava Santo Agostinho, no século 4. Do encontro com o Senhor nasce uma sabedoria, uma intimidade mística, cultivada no silêncio e na contemplação, fortalecendo o ser humano.

Vale o convite para entrar no coração do Mestre, particularmente pela escuta e acolhida das interpelações de sua Palavra, alimento para a alma que se desdobra em uma sabedoria essencial ao caminho de cada dia. A partir da proximidade com o coração de Jesus, o coração humano qualifica-se para viver o amor que incide sobre o conjunto da própria vida, qualificando-a, enriquecendo – a com a força de um amor maior e inesgotável – o amor de Deus, a água que cura a principal sede do ser humano.

A dinâmica do amor, uma jornada de expansão e compreensão

É preciso alimentar o desejo de se encontrar com Deus, na oração pessoal e comunitária. Assim o coração humano bate em sintonia com o coração de Cristo, enchendo-se de uma ternura que cura, humaniza e qualifica. Este é, pois, convite deste Ano Jubilar que busca reunir peregrinos de esperança, dedicados à vivência do amor, nas mais diferentes circunstâncias da vida, ajudando a sociedade a tornar-se justa e solidária. Aproximar-se do Coração de Jesus é inscrever-se em uma dinâmica que inspira transformação pessoal, ampliando horizontes de compreensão.

Permite reconhecer, por exemplo, que o próprio trabalho não se restringe ao exercício de uma profissão ou de um
empreendimento, mas caminho para construir uma sociedade melhor. Todos possam trilhar um caminho novo a partir do cultivo da sede do amor de Deus.

Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte