A luta de Jacó: oração e transformação
Dando sequência às nossas catequeses sobre a virtude da oração, meditamos, hoje, sobre a oração de Jacó inspirada na catequese do Papa Francisco de 10 de junho de 2020. Estamos no Ano da Oração, convocado pelo Santo Padre para nos prepararmos para o Ano Jubilar da Esperança, que celebraremos em 2025.
Quem foi Jacó? Filho de Isaque e irmão gêmeo de Esaú, com quem não tinha um bom relacionamento. Astuto, Jacó obteve a primogenitura, o direito de ser o primeiro entre os filhos. Diante do engodo que utilizou para ludibriar seu pai e irmão, viu-se obrigado a fugir. Sua vida mudou, prosperou, conquistou bens, teve esposas, filhos e muitas bênçãos de Deus.
Do engano à busca por Deus
Apesar dos privilégios, Jacó sentia falta de casa e decidiu voltar para a terra de seus pais, mesmo sabendo que enfrentaria Esaú. No caminho, tomado pela necessidade de se preparar para o reencontro, recolheu-se em oração. Jacó tinha fé de que Deus, de alguma forma, interviria em seu favor, como havia intervindo até então em sua vida. Ali, ele teve uma experiência sobrenatural, forçado a lutar a noite toda com um personagem misterioso, uma luta que o fez confrontar sua humanidade e dependência de Deus.
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A transformação pela oração
Jacó, acostumado a vencer desafios com sua esperteza, viu-se impotente. A experiência o transformou. Saiu daquela luta coxo, marcado fisicamente pela experiência, mas não só isso, seu coração também havia mudado.
Essa é a oração que transforma: a que nos muda profundamente. Assim como Jacó, muitas vezes somos orgulhosos, confiando apenas em nossas capacidades, esquecendo-nos de Deus. A oração verdadeira nos coloca face a face com nossa fragilidade, humildade e necessidade da graça divina. É nesse encontro com o Divino, como o que Jacó viveu, que somos transformados.
A oração que nos converte
Não podemos sair da oração da mesma forma que entramos. A oração autêntica tem um propósito: a nossa mudança. Como nos recorda a história de Anita Moreno, fundadora da Reparação Sacerdotal São João Paulo II, em Bogotá, Colômbia, a oração deve nos converter. Enquanto rezava intensamente pela conversão de familiares, Deus a questionou: “E a sua conversão, em que momento vai orar por ela?”.
Que as nossas orações também sejam direcionadas para a nossa conversão. Muitas vezes, pedimos a Deus por tantas coisas, por mudanças nas outras pessoas, mas nos esquecemos de nós mesmos.
Que a nossa oração, assim como a luta de Jacó, seja um momento de encontro com Deus, capaz de transformar nosso coração, nossa atitude, nosso ser. Que a partir dela, possamos sair diferentes, renovados e mais próximos do Pai.
Que Deus nos abençoe, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém.
Padre Jonathas Fernandes de Souza
Sacerdote pertencente ao Vicariato Apostólico de Mitú, na Selva Amazônica Colombiana. Brasileiro que, há 9 anos, trabalha nessa missão. Sacerdote ordenado há seis anos.
Transcrito e adaptado por Jonatas Passos.