Missionaridade

Operários para a messe

Jesus nos chama para sermos propagadores da sua Palavra

Os homens e mulheres chamados por Jesus à vida da Igreja descobrem a beleza do Seu convite, o qual se dirige a todos sem exceção. De um lado, o fascínio pela Sua Palavra, que se transforma em norma de vida em todos os setores da existência: amar a Deus e ao próximo, apaixonar-se pela Igreja, entrar numa comunidade de irmãos, participar da liturgia, identificar-se como cristãos onde quer que se encontrem. Nas próximas semanas, em torno da Jornada Mundial da Juventude, com a presença do Santo Padre, o Papa Francisco, em nosso país, veremos vir à tona a genuinidade de tantos que, no peito, levam uma cruz e, no coração, o que disse Jesus!

Como o bem tende a se difundir, todos os discípulos autênticos de Jesus Cristo são igualmente chamados à missão para sair de si mesmos e trabalhar pelo Reino de Deus. São palavras que caminham juntas, de tal forma que “discípulo” quer dizer “discípulo missionário”. Não faz parte de sua proposta de vida o acomodamento e a passividade, mas a audácia, a criatividade e o testemunho. O mesmo Senhor que chamou Seus discípulos enviou-os em missão (Cf. Lc 10,1-20). Cristo lhes oferece indicações precisas, cuja atualidade deve ser reconhecida em nosso tempo pelos cristãos de todos os estados de vida e condições sociais.

São enviados! Não vivem apenas para defender suas próprias ideias, mas abraçaram com liberdade e coragem a tarefa de ser portadores de uma vida nova, descoberta no próprio Senhor. Não vivem para os próprios sentimentos ou segundo as emoções e humores de cada momento, mas se transformam em verdadeiros embaixadores.

São ousados, a ponto de tomarem como próprias palavras exigentes como as pronunciadas por São Paulo, nascidas de profunda convicção: “Quanto a mim, que eu me glorie somente da cruz do nosso Senhor, Jesus Cristo. Por ele, o mundo está crucificado para mim, como eu estou crucificado para o mundo” (Gl 6,14). Onde quer que estejam possam dizer com o Apóstolo: “Trago em meu corpo as marcas de Jesus” (Gl 6, 17).

Enviados dois a dois! Para que o Senhor esteja sempre entre eles (Mt 18,20), preferem a comunhão ao isolamento, compartilham ideias e experiências, ajudam-se mutuamente, descobrem a luz que lhes vêm da caridade vivida, acolhem a correção fraterna.

Cordeiros no meio de lobos! Suas “armas” não são a agressividade e a desconfiança. Acreditar na “não violência ativa” é o desafio para sua presença na sociedade, a fim de se tornarem capazes de dialogar, acolher as diferenças entre as pessoas e tecerem novas relações, pouco a pouco, “fazendo a hora acontecer”, presentes em todos os setores da vida social e política, fazendo a diferença para melhor!

Não levam bolsa, sacola nem sandálias pelo caminho! São expressões fortes usadas por Jesus para indicar aos discípulos missionários, de qualquer tempo ou cultura, que sua segurança não está na riqueza ou na quantidade de bens materiais disponíveis, mas na força da mensagem de que são portadores. Saberão, sim, usar todos os meios disponíveis, das caminhadas pelas estradas da Galileia, passando pelas grandes incursões missionárias de todos os tempos, para depois usar com inteligência e perspicácia os meios disponíveis em nossa época, sem desprezar, em qualquer circunstância, o contato pessoal.

“A paz esteja nesta casa”. Dizer isso com a boca ou com o testemunho é tarefa indispensável para todos os cristãos. Serão homens e mulheres portadores daquele que traz a paz e é, ele mesmo, a paz. Sua presença ouvirá os contrários e descobrirá caminhos de reconciliação e amizade sem tomar partido que não seja o da verdade.

Aonde chegam, os discípulos missionários valorizam o que lhes é oferecido, curam os doentes e anunciam a chegada do Reino de Deus. Se o Senhor lhes concede o dom da cura e dos milagres, usam-no com humildade. Mas saberão sempre sanar pessoas e relacionamentos, com o dom mais sublime, o da caridade (Cf. 1 Cor 12,31 – 13,13).

Como encontrar tais pessoas, já que parecem tão raras, pelas suas características? “A colheita é grande, mas os trabalhadores são poucos. Pedi, pois, ao Senhor da colheita que mande trabalhadores para sua messe” (Lc 10, 2). Só o Senhor pode transformar em operários os que se encontrarem ociosos (Cf. Mt 20, 1-16) ou fazer de possíveis mercenários autênticos pastores, dispostos a darem a própria vida. Em todos os setores da vida, da sociedade e da Igreja existem, tenho certeza, homens e mulheres que, hoje, não amanhã, podem dar uma resposta genuína ao chamado de Deus, vindo a se tornarem autênticos missionários. Encontram-se espalhados por aí e podem ser despertados pelas gritantes realidades que nos cercam, através das quais o Senhor lhes fala e convoca! Há que pedir que o Pai do Céu os acorde! Misteriosamente, Deus quer depender de nossas orações para que surjam novos missionários e para que todos os discípulos de Jesus sejam transformados em missionários!

Temos a alegria de ver que jovens nascidos em nosso meio respondem ao chamado de Deus. No dia seis de julho, data em que agradeço a Deus os vinte e dois anos de Ordenação Episcopal, quatro jovens de nossa Igreja – Everson Vianna Corrêa, Fabrício da Silva Albuquerque, Maurício Henrique Almeida dos Santos e Valdinei de Lima Silva – serão ordenados diáconos, assumindo o serviço da Caridade, da Palavra e do Altar. Assumirão publicamente, “nadando contra a correnteza” no mundo em que vivemos, o compromisso do celibato pelo Reino de Deus. Farão, conscientemente, a promessa de obediência, nas mãos do bispo, para servir o povo de Deus. Daqui a alguns meses, serão padres para a Igreja de Belém (PA). Eles aceitaram ser resposta amorosa e providente de Deus ao pedido por novas e santas vocações! Seu gesto seja testemunho vivo para muitas pessoas, crianças, adolescentes, jovens e adultos. Rezemos com a Igreja: “Enviai, Senhor, operários para a vossa messe, pois a messe é grande e poucos são os operários!”.