O jornal Folha de São Paulo, de 30 /04/06 noticiou que o número de invasões de terras, no campo, aumentou 75% no primeiro trimestre deste ano, em comparação com o mesmo período de 2005. Com relação aos últimos três meses do ano passado, o aumento de invasões foi de 233%. Tais invasões de terras são, sem dúvida, algo fora da lei.
De janeiro a março deste ano, houve 110 invasões de terras, 69 delas, só em março. No primeiro trimestre de 2005, foram 63 e, no último, 33 invasões. Os sem-terra argumentam que invasões são o meio mais eficaz de pressionar o governo para acelerar a reforma agrária. Mas fica aqui a pergunta, para nós católicos: a Igreja aceita isso?
Pelo menos por três vezes, o Papa João Paulo II condenou as invasões de terra. A primeira vez foi quando esteve no Brasil, em 1991. Depois, falando ao grupo de Bispos do Brasil da Regional Sul l da CNBB, em visita “ad limina Apostolorum”, a qual ocorreu de 13 a 28 de março de 1996, o Papa claramente condenou novamente as invasões de terra, afirmando:
“(…) mas recordo, igualmente, as palavras do meu predecessor Leão XIII quando ensina que ‘nem a justiça, nem o bem comum consentem danificar alguém ou invadir a sua propriedade sob nenhum pretexto’ (Rerum Novarum, 55). A Igreja não pode estimular, inspirar ou apoiar as iniciativas ou movimentos de ocupação de terras, quer por invasões pelo uso da força, quer pela penetração sorrateira das propriedades agrícolas.”
Depois, em outro discurso, no dia 26/11/2002, aos Bispos do Brasil, João Paulo II disse:
“Para alcançar a justiça social se requer muito mais do que a simples aplicação de esquemas ideológicos originados pela luta de classes como, por exemplo, através da invasão de terras já reprovada na minha viagem pastoral em 1991 e de edifícios públicos e privados, ou por não citar outros, a adoção de medidas técnicas extremas, que podem ter conseqüências bem mais graves do que a injustiça do que pretendiam resolver”.
Essas afirmações, muito claras e contundentes, do Papa João Paulo II mostram, sem dúvida, a posição da Igreja diante desse fenômeno de invasões de terras, nitidamente de inspiração marxista, baseado na luta de classes, fora da lei.
É preciso, sim, fazer uma reforma agrária inteligente e bem feita no Brasil, mas que tudo seja feito dentro da lei e da ordem, sem derramamento de sangue.
É lamentável que, em que pese a posição clara da Santa Sé, ainda assim, muitos religiosos católicos fomentem as invasões de terra. Isso é um desrespeito às leis, aos legítimos proprietários das terras e à Igreja.
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