“Onde não há amor coloque o amor e receberás o amor” (São João da Cruz)
É claro que o título da minha reflexão suscita dúvidas e questionamentos. No mínimo, muitos se perguntarão: “O que tem a ver a vida religiosa e o terrorismo neste Ano da Vida Consagrada?”. Na verdade, tem muito a ver. A vida religiosa é uma manifestação única na história da Igreja, que declara publicamente ser um movimento de paz, esperança e alegria. Os religiosos são cristãos que, sentindo no coração o desejo de seguir Jesus pobre, obediente e casto, decidem assumir o estilo de vida das bem-aventuranças.
As bem-aventuranças são a Magna Carta, a constituição da paz e da não violência. O terrorismo não é outra realidade senão o âmago do mal, o coração do mal, no qual as pessoas, não tendo mais capacidade de refletir, de pensar nem de amar, se lançam na violência para destruir. E andam sempre matando, seja física, intelectual ou espiritualmente. Os religiosos são pessoas que caminham sempre desarmadas de todo tipo de terrorismo, de violência e maldade; e isso não se combate com discursos ideológicos, mas se vence por meio do amor, do perdão e da solidariedade.
Sem dúvida, os religiosos têm passagem livre por todos os territórios do mundo, viajam seguros do amor de Deus, desejosos do bem e da paz. Onde estão os religiosos? Nos lugares mais difíceis, para levar a todos a força do amor. Os religiosos não fazem distinção de ninguém e curam todos, terroristas e não terroristas, são semeadores de paz e de perdão.
A vida religiosa tem uma missão muito importante no meio de toda a humanidade. Também onde se encontram os centros de terroristas os religiosos sabem colocar em risco a própria vida para salvar a vida dos outros. A missão dos religiosos é “desmontar”, com a chave do amor, o coração dos terroristas. “Onde não há amor coloque o amor e receberás o amor”, dizia João da Cruz, lendo as palavras de Jesus: “Não há maior amor do que dar a vida por aquele que se ama”.
Frei Patrício Sciadini, ocd.
Delegado Geral da Ordem Carmelita no Egito