O trabalho foi criado em nossa vida, por Deus, como um meio de santificação
A Igreja ensina que o trabalho é uma bênção; por ele o homem é chamado a construir o mundo, a servir os irmãos e a se santificar. “O trabalho humano procede imediatamente das pessoas criadas à imagem de Deus e chamadas a prolongar, ajudando-se mutuamente, a obra da criação, dominando a terra” (GS 34; CA 31).
O trabalho é, pois, um dever: “Quem não quer trabalhar também não há de comer” (2Ts 3,10). O trabalho honra os dons do Criador e os talentos recebidos. Também pode ser redentor. Suportando a pena do trabalho unido a Jesus, o artesão de Nazaré e o Crucificado do Calvário, o homem colabora de certa maneira com o Filho de Deus em sua obra redentora. Mostra-se discípulo de Cristo carregando a cruz, cada dia, na atividade que é chamado a realizar. O trabalho pode ser um meio de santificação e uma animação das realidades terrestres no Espírito de Cristo (CIC §2427).
A maior parte da nossa vida transcorre no trabalho de cada dia; seja ele braçal ou mental; doméstico ou empresarial; profissional ou particular. E o trabalho foi criado em nossa vida, por Deus, como um meio de santificação.
No trabalho, a pessoa exerce e realiza uma parte das capacidades inscritas em sua natureza. O valor primordial do trabalho está ligado ao próprio homem, que é seu autor e destinatário. O trabalho é para o homem, e não o homem para o trabalho (cf. LE 6).
A Igreja orienta que “cada um deve poder tirar do trabalho os meios para sustentar-se, a si e aos seus, bem como para prestar serviço à comunidade humana” (CIC §2428).
Depois que o homem pecou no paraíso e perdeu o “estado de justiça e santidade” originais, Deus fez do trabalho um meio de redenção para ele:
Ao homem Ele disse: “Porque ouviste a voz da tua mulher e comeste da árvore, de cujo fruto te proibi comer, amaldiçoado será o solo por tua causa. Com sofrimentos tirarás dele o alimento todos os dias de tua vida. Ele produzirá para ti espinhos e ervas daninhas, e tu comerás das ervas do campo. Comerás o pão com o suor do teu rosto, até voltares ao solo, do qual foste tirado” (Gn 3,17-19).
Mais do que um castigo para o homem, o trabalho foi inserido em sua vida para a sua redenção. Por causa do pecado, ele agora é acompanhado do “suor”. Mas Deus fez desse sofrimento matéria-prima de salvação.
Infelizmente, a maioria dos homens, mesmo muitos católicos, tem uma visão distorcida do trabalho, por isso, fazem de tudo para se verem livres dele. Trata-se de um grande engano.
Para nos mostrar a importância fundamental do trabalho em nossa vida, Jesus trabalhou até os trinta anos naquela carpintaria humilde e santa de Nazaré. E para nos ensinar que todo trabalho é santo, qualquer que seja ele, do lixeiro ou do Papa, do pedreiro ou do médico, Cristo assumiu o trabalho mais humilde: o de carpinteiro, muito desprezado em Seu tempo.
Trabalhando, como homem, Jesus tornou sagrado o trabalho humano e fonte de santificação. Por isso, o lema de vida de Santo Afonso de Ligório era: “Nunca perder tempo”. E São Bento, de Nurcia, tomou como lema da vida dos mosteiros: Ora et labora! (Reza e trabalha!).