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A Epifania do Senhor

Caro leitor, no dia de hoje, todos nós cristãos católicos celebramos, com muita alegria, essa importantíssima solenidade litúrgica: a Epifania do Senhor. A palavra “epifania” significa “manifestação”. Trata-se da manifestação de Jesus como o Filho de Deus e Salvador do mundo. Assim, nesta solenidade, a liturgia celebra a adoração do Menino Jesus feita por aqueles magos vindos do Oriente: “Tendo Jesus nascido em Belém da Judeia, no tempo do rei Herodes, eis que vieram magos do Oriente a Jerusalém […]” (Mt 2, 1).

Apenas a título de curiosidade, note que o texto bíblico não informa quantos eram nem a idade de cada um. Também não faz nenhuma menção de que eles eram reis, além de não cogitar seus nomes. Porém, foi o monge São Beda, presbítero e Doutor da Igreja, que relatou mais detalhadamente quem eram aqueles magos que chegaram ao local onde Jesus havia nascido para adorá-Lo. O santo, então, afirma serem três. Seus nomes seriam Gaspar (que significa “aquele que leva tesouros”), Melchior (que significa “rei iluminado”), e Baltazar (que quer dizer “o Senhor manifesta o Rei”).

São Beda, “O venerável”, ainda afirma que Gaspar era o mais moço. Tinha vinte anos, era um jovem robusto e havia partido das montanhas próximas ao Mar Cáspio. Belquior, por sua vez, era o mais velho possuindo cabelos e barbas brancas. Contava com 70 anos e havia partido de Ur, terra dos Caldeus. Por fim, Baltasar era mouro e possuía barba cerrada. Contava com 40 anos e havia partido do Golfo Pérsico, na Arábia.

Solenidade litúrgica da Epifania do Senhor

Foto Ilustrativa: By Getty Images / sedmak

Dia da Epifania do Senhor

Ainda segundo a tradição popular, Belchior ofereceu a Jesus ouro (reconhecimento de sua realeza); Gaspar ofereceu-Lhe incenso (reconhecimento da divindade) e Baltazar, mirra (reconhecimento de sua humanidade uma vez que os corpos eram embalsamados com esse elemento). Talvez, eles fossem importantes conselheiros ou até mesmo sacerdotes da religião Persa. Além disso, poderiam ser astrônomos, uma vez que possuíam algum conhecimento sobre os astros celestes. Foi por meio de uma estrela, aliás, que aqueles homens chegaram até o local exato do nascimento do Salvador da humanidade.

Segundo o Catecismo da Igreja Católica no número 528, eles eram representantes das religiões pagãs circunvizinhas. Sendo assim, o Evangelho vê neles as primícias das nações, que acolhem a Boa-Nova da salvação por meio da encarnação de Jesus. A vinda desses magos até Jerusalém para adorar aquele que era o rei dos judeus, ou seja, o rei de um outro povo, mostra que eles procuraram em Israel aquele que é o rei de todas as nações. Assim, a Epifania manifesta que todos os povos entram na família dos patriarcas e adquirem a dignidade própria do povo eleito.

Encerramento do tempo litúrgico do Natal

Cabe ressaltar que o dia 6 de janeiro, Dia da Epifania do Senhor, encerra-se o ciclo do Natal que havia se iniciado nas vésperas do dia 24 de dezembro. Foram 12 dias intensos de oração e de celebração. Nesse período, em muitos lugares do Brasil, a cultura popular e religiosa torna-se efervescente por meio das folclóricas “folias de reis”. Tratam-se de grupos populares organizados que vão de porta em porta para anunciar a chegada do Messias. O fazem por meio de cantos, danças e encenações espetaculosas. Muitos estudiosos em Bíblia, a propósito, veem na chegada dos reis magos o cumprimento da profecia contida no livro dos Salmos: “[…] todos os reis se prostrarão diante dele […]” (Sl 71, 11).

Enfim, o Redentor da humanidade nasce como um simples bebê. Somente alguém que estivesse tomado por um dom especial do Espírito Santo poderia reconhecer que aquele adorável recém-nascido era totalmente homem e totalmente Deus. Se no Natal que celebramos há poucos dias, Deus se manifestou como homem, na epifania que celebramos hoje esse mesmo homem se revela Deus.

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Aprenda com os reis magos

Dessa maneira, não devemos desassociar essa manifestação de Jesus, enquanto Deus, da adoração que Lhe foi prestada pelos magos do Oriente. Nesta pequena cena histórica, está cristalizado o reconhecimento público da divindade do Menino Jesus unida à sua humanidade. Portanto, não se trata, jamais, de um episódio corriqueiro. É justamente por causa desse importante e profundo significado que a santa liturgia da Igreja celebra, de maneira solene, esse acontecimento singular da vida de Jesus.

Aprendamos com os reis magos a oferecer a Jesus o melhor de nós daquilo que possuímos e sempre estejamos diante do Salvador com o coração sempre disposto a adorá-Lo.

Deus abençoe você e até a próxima!