É possível ser santo

Santidade não é um conjunto de regras e nãos

Seremos santos à medida que a santidade não for um peso ou uma imposição

A cada novo amanhecer, podemos e devemos trilhar esse belo caminho. Ser santo é fazer de cada acontecimento uma oportunidade única para manifestarmos o amor de Deus em nossos gestos e palavras.

Não é necessário regras para ser santo quando o amor de Deus é quem nos guia. Muitos estabelecem para si um conjunto de regras que não conseguem cumprir. O caminho da santidade é construído no cotidiano da nossa vida. Os santos nos ensinam essa verdade: santo é quem faz da sua vida um altar do amor. Eles atingiram a santidade, porque viveram a vida com todas as consequências da caminhada: erros e acertos, alegrias e tristezas, luzes e trevas.

Santidade não é um conjunto de regras e nãos-

Foto Ilustrativa: Arquivo CN/cancaonova.com

O que é ser santo?

Ser santo não é ser perfeito, mas buscar a perfeição. Se fôssemos perfeitos, não seria necessário buscarmos a santidade, pois já seríamos santos de fato. Os grandes santos nos ensinam que viver reconciliados com nossa humanidade é fundamental para quem se propõe buscar a santidade. São Francisco de Assis reconciliou seu lado humano com o mistério da morte, a tal ponto de chamá-la de irmã morte. Santa Terezinha do Menino Jesus trilhou seu caminho de santidade na obediência e no amor.

O caminho da santidade passa essencialmente pelos territórios humanos que compõem o nosso ser. Buscar a santidade e esquecer-se de reconciliar-se com o humano é fonte de problemas psicológicos sérios.

Querem ser santos, mas vivem tão cheios de regras e ‘nãos’ para si, que se tornam reféns de si mesmos. Muitos têm trilhado este caminho perigoso. Olham para os santos como se esses nunca tivessem pecado na vida. Os santos só conseguiram chegar à santidade, porque, por meio de suas próprias imperfeições, buscaram, a cada dia, ser melhores. O caminho da santidade começa a ser trilhado quando o presente se torna um lugar de reconstrução. O passado nos ensina o erro cometido, o presente é lugar por excelência de recomeçar e o futuro é morada da esperança.

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Devemos ser humanos antes de ser santos

Muitos querem ser santos, mas ainda não aprenderam a ser humanos. Desejariam ser robôs programados para fazer somente o bem, mas a realidade é permeada de imperfeições. Acordam com o olhar no ideal perfeito de uma vida sem erros, mas adentram a noite perdidos nas trevas do erro. Buscam a perfeição, mas se esquecem de se reconciliar com o que ainda está em construção. Andam pelas margens da estrada da vida e se desviam das pedras necessárias para o amadurecimento. As pedras que se encontram no meio da estrada só serão prejudiciais se nada aprendermos com elas.

Deus não quis robôs. Eles nos fez humanos para que descobríssemos a felicidade escondida nos mistérios mais simples e bonitos da vida. Seremos santos à medida que a santidade não for um peso ou uma imposição, mas sim um estilo de vida, vivenciado na liberdade de filhos e filhas de Deus.


Padre Flávio Sobreiro

Bacharel em Filosofia pela PUCCAMP e Teólogo pela Faculdade Católica de Pouso Alegre (MG), padre Flávio Sobreiro é pároco da Paróquia São José, em Toledo (MG), e padre da Arquidiocese de Pouso Alegre (MG). É autor de livros publicados pela Editora Canção Nova, além disso, desde 2011,  é colunista do Portal Canção Nova. Para saber mais sobre o sacerdote e acompanhar outras reflexões, acesse: @peflaviosobreirodacosta.