“Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor. Todo ramo que não der fruto em mim, ele o cortará; e podará todo o que der fruto, para que produza mais fruto. Vós já estais puros pela palavra que vos tenho anunciado, permanecei em mim e eu permanecerei em vós. O ramo não pode dar fruto por si mesmo, se não permanecer na videira. Assim também vós: não podeis tampouco dar fruto, se não permanecerdes em mim. Eu sou a videira; vós, os ramos. Quem permanecer em mim e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer. Se alguém não permanecer em mim será lançado fora, como o ramo. Ele secará e hão de ajuntá-lo e lançá-lo ao fogo, e será queimado. Se permanecerdes em mim, e as minhas palavras permanecerem em vós, pedireis tudo o que quiserdes e vos será feito. Nisso é glorificado meu Pai, para que deis muito fruto e vos torneis meus discípulos.” (Jo 15,1-8)
Um texto bíblico tão conhecido por nós! No Evangelho sobre a videira e os ramos, Jesus nos fala de uma relação de intimidade e dependência com Ele. Cristo se utilizou de algo típico da agricultura de seu tempo, como ainda é comum o cultivo de uvas em diversos países do mundo.
Na língua original, ao afirmar “Eu sou a videira verdadeira”, Jesus não teria dito “videira”, mas sim “cepa”, que quer dizer o tronco da videira. Não é uma palavra tão comum, porém, a mais próxima do significado.
Permanecer em Deus é uma questão de sobrevivência
Uma videira possui um tronco cheio de nós e bem próximo à terra, ou seja, a cepa, de onde brotam os ramos, que vão se abrindo e gerando outros ramos. São nesses que brotam os cachos de uva. A cepa não produz fruto, a não ser por meio dos ramos. Estes, no entanto, não poderão produzir frutos se não estiverem unidos à cepa da videira. É uma relação de reciprocidade. Trata-se de uma ligação vital. E antes de a videira produzir seus frutos, vários são os estágios de seu ciclo natural, o que se repete regularmente todos os anos. As melhores condições para seu cultivo se dão em regiões de clima mediterrâneo e em temperaturas entre 15 e 30 graus.
Assim como há requisitos próprios para esse tipo de plantação, ocorre o mesmo na relação com Cristo. Quando Jesus declara que precisamos d’Ele, a “verdadeira cepa”, significa que, de fato, sem Ele nada podemos fazer. E ainda explica: “Se alguém não permanece em mim, é jogado fora, como o ramo, e seca; depois, são ajuntados, jogados ao fogo e queimam”. É isso o que acontece com o ramo que não está unido ao tronco. Ele vai secar. E, ao contrário, se permanecermos n’Ele, os fruto serão abundantes.
Trata-se de uma questão de sobrevivência: “Sem mim nada podeis fazer” (Jo 15,5). Uma certeza que deve ser ultrapassar a lógica humana. Uma confiança que deve ser tão ou mais forte do que a convicção de nossa necessidade biológica do ar, água e alimento.
Como permanecer na videira de Deus
Este Evangelho lembra o papel da agricultura na história de Israel e os relatos do Antigo Testamento, em que Israel seria a videira de Deus. Entretanto, como em diversos momentos o povo não produziu os bons frutos esperados, Deus enviou Seu Filho, na plenitude dos tempos, de modo que Jesus se constituísse como a verdadeira e única videira. E uma vez que Jesus está ligado ao Pai, está unido a Ele e tem esse relacionamento íntimo com Seu Pai, Ele produz os frutos que o Pai deseja; os frutos verdadeiros, os frutos que agradam ao Pai.
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Também cada um é chamado a estar ligado a essa verdadeira videira e a produzir os frutos que sejam do agrado do Pai, os frutos saborosos, os frutos do Reino de Deus. Ele repete o verbo “permanecer” para dar, realmente, o sentido da espiritualidade cristã, isto é, consiste em condição perene, contínua e constante.
Uma relação que se concretiza por meio da oração, escuta da Palavra, participação nos sacramentos, vivência dos mandamentos e das virtudes, e praticando as obras de misericórdia e caridade. Esses são os passos, os meios concretos e eficazes para produzir os frutos e permanecer na vontade de Deus.