Não há mudança externa se não acontecer a revolução interna da paz no coração
Quando observamos, no mundo, tantas situações de guerra, ódio, rivalidades, roubos, terrorismo e fanatismo, nós nos perguntamos inconformados: “Haverá solução para que a paz seja concretizada em nossa sociedade?”.
A resposta a esta questão é: “Sim! Há um caminho, e ele se encontra dentro de cada um de nós, no nosso coração”. A paz é uma semente que deseja germinar no jardim de nossa vida. Mas para que ele germine, cresça, floresça e de frutos cem por um, é necessário acreditarmos que nós somos os primeiros a fazer da paz uma realidade concreta no mundo.
Olhando as difíceis situações que encontramos no Brasil e no mundo, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) decidiu estabelecer e aprovar um ano dedicado à paz. Este ano teve início no Primeiro Domingo do Advento de 2014 e se estenderá por todo este novo ano de 2015. Todos somos convidados a unir nossas forças para que este Ano da Paz seja um novo tempo de misericórdia e ternura em nosso Brasil e se espalhe para o mundo.
Nós, Igreja, povo de Deus, podemos fazer a diferença e juntos construirmos uma cultura de paz, na qual o sonho seja realidade em pequenos gestos que façam a diferença.
O primeiro espaço para a vivência deste Ano da Paz será a Liturgia, com a oração e a meditação da Palavra de Deus. Nossas comunidades cristãs devem ser, por excelência, o primeiro local de irradiação da paz para nossas famílias, escolas, trabalhos… Precisamos urgentemente redescobrir o sentido da paz como espaço de formação espiritual em nossas liturgias. Muitas pessoas encontram somente em nossas Igrejas um espaço que lhes proporciona a serenidade em meio a tantas agitações e violências presentes na vida. Celebremos a paz como dom do Ressuscitado e busquemos, por meio da oração e da Palavra de Deus, um caminho que conduza cada pessoa a uma experiência profunda de uma paz real e concreta.
O segundo espaço para que a paz possa ser bem vivida durante este novo ano se encontra dentro de nossas próprias casas, com nossos familiares. Nem sempre os lares são espaços de paz e amor. Muitos conflitos geram situações dolorosas e, por vezes, desentendimentos que, se não curados, se arrastam por muitos anos. A paz no ambiente familiar começará a ser realidade quando cada membro adquirir a consciência de que não haverá mudança exterior se antes e cada um não mudar o seu interior.
É preciso mudar o coração para que a vida se transforme.
Sem paz, o ódio será a voz mais forte a ditar os rumos da família. Não permitamos que as trevas sejam mais fortes que a luz. Comecemos a mudança em nós primeiro. Não é o outro que precisa mudar, mas sim nós. Não devemos esperar que todos mudem seu jeito de se relacionar com outros, mas comecemos por nós esta mudança. Se o outro não modificar o seu jeito de ser, nós podemos mudar o nosso coração. Não há mudança externa se não acontecer a revolução interna da paz no coração.
Um outro espaço para que a paz seja vivenciada concretamente acontece nos pequenos gestos que fazem a diferença no mundo. Não esperemos grandes oportunidades para que a paz seja concretizada de modo universal, mas comecemos a vivê-la no cotidiano da vida com quem se encontra ao nosso lado, seja na família, na escola, na faculdade, no trabalho, no clube ou na comunidade cristã. Pequenos gestos de paz fazem grande diferença e transformam o coração das pessoas. Viva a vida com mais paz e serenidade, evite julgar o pecado alheio e cuide do jardim do seu coração primeiro. Distribua sorrisos sem medo. Abrace com mais ternura. Cultive a caridade. Visite os enfermos. Cuide com carinho e amor do seu trabalho. Faça da vida um grande momento de oração. Aproxime-se de Deus na oração diária. Celebre a liturgia com paz e amor. Seja para os outros o que gostaria que eles fossem para você… E se mesmo assim você achar que este caminho é difícil, lembre-se: O mundo em que vivemos somos nós que construímos.
Feliz Ano da Paz!