Na próxima quinta feira, 22/05/2008, celebraremos a Solenidade do Corpo e Sangue de Cristo (Corpus Christi). A origem dessa festa vem do século XII e foi instituída pelo Papa Urbano IV em 1264. Celebrada após a festa da Santíssima Trindade.
Vale lembrar que a Eucaristia não é uma representação de Cristo, nem uma alusão à vinda dEle. É o próprio Cristo que se faz presente. É neste momento que a fé se manifesta, afinal, esta nada mais é do que crer naquilo que é transcendente. Bem-aventurados os que crêem sem ter visto.
Celebrar a Solenidade do Corpo e Sangue de Cristo nos coloca em sintonia profunda com o mistério da Páscoa do Senhor Jesus Cristo, Deus que se fez corpo, carne, humano. Ele assumiu a nossa realidade (exceto o pecado), a nossa história, as nossas lutas.
A liturgia da festa de hoje nos chama especial atenção para a Eucaristia, que engaja toda a comunidade eclesial. Ela é uma responsabilidade que compromete toda a vida daqueles que participam desse pão e desse vinho.
A preocupação com a fome, que atormenta grande parte dos homens e o interesse em aliviá-la, também se torna elemento da Celebração Eucarística. Que jamais nos esqueçamos, entretanto, de que a fome dos homens não é só de pão embora o pão seja precisamente o símbolo mas é, sobretudo, fome de Deus. O sentido teológico mais atual dessa celebração, com a reforma litúrgica do Concílio Vaticano II, é a unidade do povo ao redor do seu Senhor, presente na Eucaristia, sua força na caminhada do povo em marcha e o compromisso com os irmãos mais sofridos de nossa sociedade.
A celebração de Corpus Christi tem assumido dimensões muito solenes na vida litúrgica nos últimos tempos. Algumas vezes, revelam um grande devocionismo e isso deve ser trabalhado com delicadeza. Pois, corre-se o risco de exacerbar os elementos míticos e criar uma relação fascinada entre o fiel e a hóstia sagrada, deteriorando o sentido social e a partilha do ritual eucarístico.
Deve-se cuidar para que o Corpus Christi seja a manifestação da fé do povo que crê num Deus onipresente na história e presente em nossas vidas, profetizando a fraternidade universal e a unidade cósmica.
Cristo está vivo e o seu Corpo é uma forma da sua presença ser real entre nós. Isso nos deve levar ao compromisso verdadeiro, pois ninguém revela melhor o Pai, senão, o Cristo. E não há melhor revelação de Cristo do que a vida dos irmãos e irmãs, sobretudo os que sofrem.