Cada pessoa humana quer encontrar segurança, buscando a felicidade imediata e deixando habitar no coração apenas os sonhos humanos. A experiência da fé abraça os sonhos que só Deus pode inspirar, e estes são do tamanho da eternidade.
Todos os grupos humanos, nas sucessivas gerações, tiveram que aprender a partir como peregrinos: Os hebreus tiveram que sair do Egito. O caminho do êxodo se fez por cerca de quarenta anos. Tempo de provação e crescimento, rumo à Terra Prometida. E todas as vezes em que o povo de Deus se acomodou, muitas foram as ajudas enviadas por Ele, para que não perdesse o rumo. Deus da esperança, Deus que garante o futuro, Deus que ama com amor ciumento, mesmo que seja um povo de cabeça dura!
Os quarenta dias de Cristo no deserto se contrapõem às tentações do Êxodo. Sua fidelidade é sinal para a Igreja. Depois foram três anos de caminhadas pelas estradas da Terra Santa. Seus discípulos, muitos deles chamados à beira dos caminhos, aprenderam com Ele a não ter pedras para reclinarem a cabeça. Tiveram que sair de si para tomar a cruz, renunciar a si mesmos, fazer de suas vidas uma grande peregrinação em busca da plenitude de Deus. Sua escola de formação foram as estradas, acompanhando um Mestre que mira Jerusalém e aproveita cada fato e cada encontro para formá-los!
Até hoje Deus nos faz encontrar desertos, mesmo no meio da cidade, para caminharmos no rumo indicado pelo Senhor. O deserto faz medo! Mas há caminhos e pontos de chegada! Para acompanhar-nos, figuras do Antigo e do Novo Testamento, assim como testemunhas da fé e da esperança na vida da Igreja, nos ajudarão na caminhada. O que importa é a decisão, suscitada pela graça de Deus, de partir em peregrinação no Retiro quaresmal. Esta é uma Quaresma de peregrinos, de gente que olha para frente e para o alto. Com São Paulo, tomemos a decisão de partir.
Vivemos na Quaresma o caminho para a Páscoa. Ali se encontra o ponto de chegada de nossa peregrinação.
Da Páscoa brota a vida! Depois da Quaresma, teremos cinquenta dias vividos como um só dia de festa, nos quais nos aprofundaremos mais na vida cristã, com os frutos do caminho quaresmal.
Roteiro diário
Oração: Reze em seguida esta oração, composta pelo Papa Paulo VI. Pouco a pouco, você saberá repeti-la com calma e ser acompanhado por ela muitas vezes durante o ano.
Ó Espírito Santo, dai-me um coração grande, aberto à vossa silenciosa e forte palavra inspiradora, fechado a todas as ambições mesquinhas, alheio a qualquer desprezível competição humana, compenetrado do sentido da santa Igreja! Um coração grande, desejoso de se tornar semelhante ao coração do Senhor Jesus! Um coração grande e forte para amar a todos, para servir a todos, para sofrer por todos! Um coração grande e forte, para superar todas as provações, todo tédio, todo cansaço, toda desilusão, toda ofensa! Um coração grande e forte, constante até o sacrifício, quando for necessário! Um coração cuja felicidade é palpitar com o coração de Cristo e cumprir, humilde, fiel e firmemente a vontade do Pai. Amém.
Leitura orante da Palavra de Deus: Leia o texto indicado para cada dia, escolhendo o Evangelho do dia ou uma das leituras indicadas pela Igreja.
Gestos penitenciais: Três práticas acompanham nossa Quaresma: a oração, a penitência ou jejum e a caridade. Acolha nossas propostas e exercite a criatividade, descobrindo e atualizando estas práticas em sua vida diária.
Dia 11 de março, sexta-feira depois das Cinzas
“Ó Senhor, não desprezeis um coração arrependido”. O cristão não jejua como sinal de luto, mas jejua na esperança, pois aguarda o dia do grande banquete preparado por Deus. O jejum se torna o gesto de abertura para Deus, de quem se espera tudo!
Leituras:
Is 58,1-9a 25
Sl 50 (51),3-4.5-6a.18-19 (R/.19b)
Mt 9,14-15