A existência do mal, sobretudo, do moral, é uma pedra de escândalo para os que não crêem, um obstáculo à fé. Por que existe o mal, se Deus é Pai todo poderoso, criador do mundo e cuida de todas as suas criaturas?
A resposta a esta pergunta só podemos encontrá-la tendo em vista tudo o que ensina a fé cristã sobre a bondade da criação, o drama do pecado, o amor paciente de Deus para com a criatura humana pecadora, as Alianças que fez com o seu povo, a vinda de seu Filho à terra, o dom do Espírito Santo, o chamado da criatura humana à visão eterna de Deus. Visão que ela pode livremente recusar.
Deus com seu infinito poder poderia criar um mundo melhor. Mas, quis criar um mundo que caminha para sua perfeição última. Assim aparecem uns seres e desaparecem outros. Uns evoluem, outros são destruídos. Até que a criação atinja sua perfeição, haverá o bem físico ao lado do mal físico.
Os anjos e os homens, por serem criaturas inteligentes e livres devem crescer e chegar ao seu destino último por uma opção livre. Podem desviar-se deste destino último. Daí o pecado. E com o pecado, a entrada no mundo do mal moral, que é muito mais grave que o mal físico. Mas, Deus não é nem direta, nem indiretamente, a causa do mal moral. Ele o permite por respeitar a liberdade de sua criatura. Mas, Deus sabe tirar o bem do mal.
Lembremo-nos da história de José no Livro Sagrado. Diz a seus irmãos:
‘Não fostes vós, que me enviastes para vós, foi Deus… o mal que tínheis a intenção de fazer me, o desígnio de Deus o mudou em bem a fim de… salvar a vida de um povo numeroso’ (Gen 45,8; 50,20).
Assim também, do grande mal que foi a morte de Jesus por mãos humanas, Deus tirou o maior de todos os bens: a glorificação de Jesus e a nossa Redenção.
Dizia Santa Catarina de Sena: ‘Tudo procede do amor, tudo está ordenado à salvação do homem. Deus nada faz que não seja para esta finalidade’.
Pouco antes de morrer, Santo Tomás More consola sua filha com estas palavras: ‘Nada pode acontecer que Deus não tenha querido. Ora, tudo o que ele quer, por pior que possa parecer-nos, é o que há de melhor para nós’.
Cremos que Deus é o Senhor do mundo e da história. Mas, os caminhos de sua providência em relação a nós são muitas vezes misteriosos e desconhecidos. Só teremos conhecimento pleno dos desígnios divinos para conosco, quando virmos a Deus ‘face a face’.
Então veremos que, malgrado o mal e o pecado que há no mundo, Deus conduziu sua criação para seu destino último.