Páscoa e morte

Neste ano estamos celebrando a Páscoa – a Oitava Pascal – de maneira muito triste e diferente. Um fato significativo: na mesma semana em que a Igreja celebra a vitória da vida sobre a morte, a Oitava da Páscoa, a cultura da morte prevalece em nosso país, com seu órgão máximo de Justiça, o Supremo Tribunal Federal, aprovando tristemente a legalização do aborto para as criancinhas anencéfalas. Sinais dos tempos! Em plena semana da vida, assistimos a vitória da morte de seres inocentes e indefesos.

No Brasil cristão, com a maioria absoluta do povo cristão, as elites caminham de costas para esse povo e legislam sem o mínimo respeito aos seus sentimentos mais nobres. Uma minoria domina a maioria; onze pessoas decidem a vida de duzentos milhões que se veem indefesas. Alguns magistrados usaram a falsa justificativa de que a criança anencéfala “não tem vida’, “não é um ser humano’, “estão em estado de morte cerebral” e sem vida. Seu estado físico seria “incompatível com a vida humana”, que “a mãe é penalizada ao carregar uma gestação desse tipo”,  e afirmou-se que isso “lesa a autonomia da mulher”. Que horror!


Assista: “Os perigos da sociedade para acabar com a família”, com professor Felipe Aquino 


A melhor resposta a tanto sofisma é a foto que circulou amplamente na internet e que mostra Vitória, uma menina anencéfala, de dois anos de idade, nos braços do pai, sorrindo para ele e olhando nos seus olhos. Só alguém desalmado é capaz de dizer que Vitória não é um ser humano, que não tem vida, que está com morte cerebral, que lesa o direito e a autonomia da mãe.

Na verdade, subjacente a tudo isso está a falta da Luz de Deus. Como disse o Papa Bento XVI na Santa Missa da Vigília Pascal:

“A escuridão acerca de Deus e a escuridão acerca dos valores são a verdadeira ameaça para a nossa existência e para o mundo em geral. Se Deus e os valores, a diferença entre o bem e o mal permanecem na escuridão, então todas as outras iluminações, que nos dão um poder verdadeiramente incrível, deixam de constituir somente progressos, mas passam a ser simultaneamente ameaças que nos põem em perigo nós e o mundo”.

Com essas palavras o Sumo Pontífice explicou a tragédia do STF, antes que ela acontecesse: sem Deus, sem a Luz de Cristo, não se enxerga, não é possível ver o invisível, o transcendente, o que está além do corpo e da pura matéria. “Não se pode medir um ser humano com uma régua”, como disse meu amigo, o Dr. Paul Medeiros. Não é dez ou quinze centímetros de cérebro que define um ser humano; mas sua geração à imagem e semelhança do Criador, transcendente, imortal. Medindo o ser humano apenas com uma régua ou apenas com uma balança vamos derrubar todas as colunas da civilização cristã e do estado de direito.

Uma civilização verdadeira se caracteriza por defender os mais fracos e mais indefesos, como o feto em gestação; então, diante da vitória da “cultura da morte” podemos ver o quanto estamos nos aproximando novamente da barbárie. O Papa João Paulo II disse que a nação que mata os seus filhos é uma nação sem futuro. Deus tenha misericórdia de nós e não faça valer o que disse São Paulo: “De Deus não se zomba” (Gálatas 6,7).

Podcast: “Um desafio urgente aos católicos”, com professor Felipe Aquino 


Felipe Aquino

Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br e Twitter: @pfelipeaquino