A Igreja sempre contou com a participação dos leigos(as) em sua caminhada pastoral. Sem dúvida, esta presença faz história. O espírito laical se mostrou mais ativo e reconhecido no meio eclesial, pós-Vaticano II. Esta conquista pode ser observada desde as pequenas comunidades, onde hoje, leigos(as) estão cada vez mais engajados, demonstrando um verdadeiro gosto pelas coisas de Deus e buscando, inclusive, formação e aperfeiçoamento nos estudos bíblicos e teológicos.
Esta conquista, que aos poucos vai se solidificando, é bastante favorável para os nossos dias. Mais do que parecer uma afronta ou competição com o próprio clero, como alguns ainda podem pensar, a unidade entre clero e leigos no serviço pastoral, como nos orienta a Lumem Gentium, proporciona benefícios para toda a Igreja. Principalmente agora, inspirados pelo documento de Aparecida (V Conferência Geral dos Bispos da América Latina e do Caribe, em maio último) em que somos chamados a ser missionários e missionárias de Jesus.
Olhando a realidade com os olhos de Deus Pai, impulsionada pela oferta redentora de Cristo Salvador e aberta à ação do Espírito Santo, a Igreja de Cristo retomou as páginas da história que ela escreve neste continente. Páginas escritas com grande sabedoria e santidade, experimentando luzes e sombras, sofrendo tempos difíceis, com torturas e perseguições, também com as debilidades e compromissos mundanos e incoerências dos seus filhos e filhas. Claro é o reconhecimento de que a maior riqueza é a fé dos seus povos no Deus amor e a tradição católica na vida e na cultura.
Aparecida, então, é sempre mais uma convocação: A Igreja é chamada a repensar profundamente e a relançar com fidelidade e audácia sua missão nas novas circunstâncias latino-americanas e mundiais. Trata-se de confirmar, renovar e revitalizar a novidade do Evangelho arraigada em nossa história, a partir de um encontro pessoal e comunitário com o Jesus Cristo, que desperte discípulos missionários. Isto não depende tanto de grandes programas e estruturas, mas de homens e mulheres novos (DA 11).
Nós, Igreja da América Latina somos convidados a vivenciar em gestos e palavras, testemunhando como autênticos missionários, o sentido primeiro da nossa própria fé. É neste momento que o papel dos leigos(as) torna-se especial para o rosto da Igreja. É preciso que os fiéis leigos, homens e mulheres, sejam mais ousados e criativos em sua ação de anunciar o Evangelho e viver o sublime Amor de Deus em seu cotidiano.
O protagonismo dos leigos(as), deve ser assumido com entusiasmo e garra, pois não resta dúvida que será preciso arregaçar as mangas e encarar, com fé e coragem, os desafios que a modernidade nos apresenta. Porém, o devido apoio em suas iniciativas será um importante instrumento para a ação evangelizadora em nosso continente. É isso que esperamos para nossa eclesiologia: uma Igreja com rosto missionário, que aponte para homens e mulheres cada vez mais conscientes de seu papel; criativos e entusiasmados em sua vida como cristãos(as).