O Catecismo da Igreja Católica (CIC) diz que o escândalo é uma falta grave contra o Quinto Mandamento: “Não matar”. Ele consiste no mau comportamento de alguém que leva o outro a praticar o mal. Aquele que escandaliza se torna como que o tentador do outro. Atenta contra a virtude e a retidão; pode arrastar seu irmão à morte espiritual, daí a sua gravidade.
“O escândalo constitui uma falta grave se, por ação ou omissão, conduzir deliberadamente o outro a uma falta grave.” (CIC § 2284).
O escândalo é mais grave conforme a autoridade da pessoa que o provoca; ou da fraqueza dos que o sofrem. É mais grave quando é cometido por quem deve educar ou ensinar. É muito grave o escândalo de um pai diante de seus filhos, de um chefe diante dos subordinados, de um religioso diante dos fiéis. Aquele que deve ser exemplo e modelo de vida não pode dar mau exemplo porque é um escândalo para os que estão em formação.
Jesus disse: “Caso alguém escandalize um destes pequeninos, melhor será que lhe pendurem ao pescoço uma pesada mó e seja precipitado nas profundezas do mar” (Mt 18,6).
Hoje vemos, por exemplo, o nosso Brasil mergulhado num mar de corrupção, que devora os recursos do povo; exatamente por parte das autoridades constituídas. É um escândalo, um péssimo exemplo para os jovens. Diante disso muitos são desestimulados a ser cidadãos honestos. O escândalo de quem exerce autoridade decepciona o povo. Pior ainda quando a impunidade campeia na sociedade e a justiça não atua punindo os que cometem crimes. Os que compram os magistrados, os que corrompem os parlamentares e os que subornam as chefias causam grandes escândalos aos jovens.
São Paulo deu o exemplo de um escândalo no seu tempo: “Se alguém te vir, a ti que és instruído, sentado à mesa no templo dos ídolos, não se sentirá, por fraqueza de consciência, também autorizado a comer do sacrifício aos ídolos? E assim por tua ciência vai se perder quem é fraco, um irmão, pelo qual Cristo morreu! Assim, pecando vós contra os irmãos e ferindo sua débil consciência, pecais contra Cristo. Pelo que, se a comida serve de ocasião de queda a meu irmão, jamais comerei carne, a fim de que eu não me torne ocasião de queda para o meu irmão” (I Cor 8,10-13).
Há escândalo, por exemplo, quando os chefes de empresas fazem regulamentos que incitam à fraude, ao suborno, à tapeação dos clientes; quando professores “exasperam” nas provas submetendo os alunos a exames exigentes demais; quando não lhes ensinam bem a matéria. Também é escândalo grave quando aqueles que manipulam a opinião pública a afastam dos valores morais. (cf. CIC § 2286).
Papa Pio XII falou claro sobre esse assunto:
“O escândalo pode ser provocado pela lei ou pelas instituições, pela moda ou pela opinião.Tornam-se, portanto, culpados de escândalo aqueles que instituem leis ou estruturas sociais que levam à degradação dos costumes e à corrupção da vida religiosa ou a “condições sociais que, voluntariamente ou não, tornam difícil e praticamente impossível uma conduta cristã conforme aos mandamentos” (Pio XII, discurso de 1º de junho de 1941).
É escândalo grave as leis contra a lei de Deus, como a legalização do aborto, da eutanásia, do suicídio assistido, do casamento de pessoas do mesmo sexo, da manipulação científica de embriões humanos, entre outros.
Da mesma forma é escândalo grave uma moda acintosa que põe à mostra e exibição o corpo feminino, templo sagrado do Espírito Santo, provocando tentação e pecado aos homens. É escândalo grave uma opinião de uma autoridade contra a moral e os bons costumes.
Assim como é escândalo grave o cristão que dá contratestemunho de sua fé e procede sem caridade, sem fé, sem esperança, sem observar as leis de Deus. É escândalo grave quando um leigo ou religioso, pior ainda, se comporta mal, deixando-se levar pela ganância, orgulho, arrogância, prepotência, inveja, preguiça, gula, fornicação ou pedofilia.
O famoso arcebispo americano Fulton Sheen afirmou certa vez que: “Talvez não haja nos Estados Unidos uma centena de pessoas que odeiem a Igreja Católica, mas há milhões de pessoas que odeiam o que erroneamente supõem o que seja a Igreja Católica”.
Por que hoje muitos odeiam a Igreja? Por que há uma verdadeira eclesiofobia no meio universitário, sendo que a Igreja tanto bem fez e faz para a humanidade? Foi ela quem salvou a Civilização Ocidental da destruição dos bárbaros; foi ela quem moldou os valores humanos mais nobres que temos, foi ela quem cristianizou o mundo. Foi ela quem fundou o Direito, criou as universidades, desenvolveu a arte, a música, a tecnologia medieval. Foi ela a maior agente da caridade no mundo em todos os tempos… Então, por que essa ojeriza à Igreja? A resposta é esta: os escândalos de muitos dos seus filhos. A maioria das pessoas que não gostam da Igreja, e a atacam, é porque se decepcionaram com o comportamento errado de algum católico, no passado ou no presente. Junta-se a isso uma história mal contada do passado da Instituição criada por Cristo por parte daqueles que a odeiam.