Recentemente, estive no Nordeste do país para pregar em alguns encontros e acampamentos. Fiquei alguns dias nas capitais até partir para um encontro para comunidades. Conduziram-me, então, a um lugar chamado Brejo das Freiras, no sertão do Nordeste. Era sábado de manhã e o retiro da comunidade se iniciaria com a missa. Aos poucos, o povo foi chegando e enchendo aquele barracão armado com imensas lonas de cor preta que deveria acomodar toda aquela gente que chegava sem parar. Uns a pé, outros em ônibus fretados, em caravanas. Fiquei emocionado ao ver a disposição e alegria que eles traziam em suas canções, gestos e instrumentos de corda e percussão.
Logo que fiz a primeira animação e pregação do encontro, percebi a alegria que contagiava e aquecia a todos, pois debaixo daquele barracão eu suava mais que tampa de panela com água fervendo.
Nas conversas dos intervalos, conheci algumas pessoas e suas comunidades. Uma delas possuía o carisma de evangelizar pelas estradinhas de chão quente que davam acesso ao litoral. Outra ia pelo sertão, por lugares secos e quentes, com a missão de evangelizar também. Muitas das comunidades fabricavam farinha e vendiam-na nas estradas e rodovias que davam acesso ao litoral para sobreviver.
Gente de Deus mesmo, um povo de fé, um oásis no deserto. Nada é obstáculo para quem tem o coração cheio de alegria!
Lembrei-me, então, de quando eu jogava futebol profissional em um time chamado São José, da cidade de São José dos Campos (SP). Um colega me convidava insistentemente para que eu fosse ao grupo de oração que ele frequentava. Sem ter mais desculpa para safar-me de tal convite, acabei aceitando.
Assim que entrei na igreja, vi uma pessoa ensinando as outras a cantar e executar as coreografias das músicas selecionadas para acompanhar as orações. Eu não sabia nada, nem cantar e muito menos fazer todos aqueles gestos sincronizados. Ao meu lado, estava um senhor de aproximadamente setenta anos. Ele fazia tudo com tanto entusiasmo e alegria que acabou por me seduzir.
Deus usou aquele homem para tocar meu coração; eu no auge da minha juventude não era feliz como aquele senhor de setenta anos. Experimentei, lá no Nordeste, o mesmo sentimento de anos atrás, no primeiro grupo de oração que entrei, depois de muitos anos sem ir a uma igreja.
São José dos Campos, uma grande cidade, e Brejo das Freiras, no sertão nordestino, ficaram igualadas no fim Deus e na alegria contagiante das pessoas que encontraram o grande tesouro: Jesus Cristo vivo e ressuscitado.
Em Brejo das Freiras aprendi três coisas importantes:
1ª – Devemos ser felizes independente da situação externa: Quantas pessoas dependem de outras para serem felizes, dependem do time que torcem, do saldo bancário, do holerite no fim do mês, do elogio do outro… Enfim, somos Bartimeu todas as vezes em que dependemos do externo ou das “esmolas” dos outros para sorrir e ser felizes, pois a verdadeira felicidade é a que vem de dentro para fora. Se dependemos do externo, viveremos muitos altos e baixos em nossas vidas.
2ª – A situação externa não pode impedir que encontremos Jesus: Conheço pessoas que não tiveram uma experiência com Jesus, pois vivem dizendo que estão ocupadas, estão trabalhando muito ou ainda dizem “agora que me casei…”, “agora que nasceu meu filho…” etc. O externo as impediu de ter uma experiência com Jesus, de dar um “salto” e ir até Ele.
Nesse caso, Bartimeu nos ensina como devemos agir. Ele que vivia em condições externas precárias, além de marginalizado, isolava-se e cobria-se com uma grossa capa.
Mas, ao ouvir os passos da multidão que acompanhava Jesus por aquelas ruas de Jericó, não teve dúvidas e começou a gritar: “Jesus, filho de Davi, tem compaixão de mim!”.
Renunciemos a toda situação que nos impede de fazer a experiência com Aquele que quer curar as nossas cegueiras e mudar a nossa história.
3ª – Aprendi também com a farinha: Que é fonte de sustento para muitas comunidades e serve para três coisas:
– Engrossar o que está ralo (fino)
– Esfriar o que está quente
– Aumentar o que está pouco
Seja feliz com a sua farinha!
Segundo pesquisa divulgada pela Revista ISTOÉ de 17/12/2008*, a felicidade é contagiante e pode se espalhar pela rede de contatos de cada um. “A alegria se espalha como um efeito dominó”, explica o pesquisador James Fowler, da Universidade da Califórnia. Ainda de acordo com a pesquisa, a distância influencia diretamente essa conexão de bem-estar. A chance de felicidade cresce 42% se você mora até 800 metros de um amigo feliz. Ela cai para 22% se a pessoa que deflagra o processo estiver a mais de 2,2 quilômetros.
Conclusão: Vamos nos aproximar de pessoas felizes e bem resolvidas. Elas, certamente, encontraram o “Tesouro Maior” e trocaram tudo por Ele.
*Tarantino, M. Aproveite, a felicidade é contagiante! Revista IstoÉ, 17/12/2008.
Astromar Miranda Braga
(Extraído do livro “Tome a decisão! Lance fora a capa e mude a sua vida”)