Os nossos pais na fé – Santo Agostinho à frente – ensinavam sem rodeios, como vontade do Salvador: a Igreja é meio necessário para se alcançar a salvação. Até sentenciavam: “extra Ecclesiam nulla salus”. (Fora da Igreja não há salvação). Evidentemente, essa sentença supunha que o ser humano tivesse clareza suficiente, para deliberar sem dúvidas, diante de um contexto de muitas outras propostas. Estava suposto que o ser inteligente tinha consciência clara de que o Redentor fundara a Igreja, para ser meio único de salvação para todos. Como a verdadeira arca de Noé.
É compreensível que, nestes tempos legítimos de ecumenismo, tenhamos um certo pudor para falar desta forma. Até aquilo que o Concílio ensinou, sem rubor, convicto de estar na mais firme tradição milenar da Igreja, parece nos entusiasmar muito. O Concílio, como toda a tradição eclesial, confirmou a unicidade da Igreja Católica. Renovou a convicção de que a nossa Igreja é a única Igreja de Jesus Cristo. Temos medo de falar disso, para não perdermos os palmos de conquista ecumênica já alcançada.
A grande questão que se levanta é saber se esse princípio acima comentado, ainda tem valor nos dias atuais. Porque ele não brotou só das penas dos grandes escritores da Antiguidade, mas inúmeros Concílios assumiram a sentença. Como meu espaço é restrito, vou comentar só o essencial. Podemos asseverar, com muita tranquilidade, que o princípio continua em vigor. Só que precisamos explicá-lo, para ser corretamente entendido.
Todos os seguidores de outras denominações religiosas, que vivem os ensinamentos daquela organização, e nela se encontram de boa fé, podem se salvar. Neste quadro se encontram os que viveram antes de Cristo, ou que hoje ainda não aderiram a Ele. Também se encontram nesta situação os seguidores de religiões cristãs, fora da Igreja. Tudo depende de seu coração.
Se estão dentro dessas crenças, por convicção, levados pela reta intenção, Deus não lhes negará a salvação. Estão dentro da Igreja de Jesus Cristo sem o saberem. A dúvida se avoluma, no entanto, quando fiéis católicos abandonam a sua fé, porque brigaram com o Padre ou porque querem atingir a prosperidade material, que outra religião está garantindo. Aqui não sei mais dizer nada de concreto.