Exercício da fé

O ser humano não pode viver sem esperança.
Existem as esperanças individuais, que refletem nossos anseios mais específicos, que refletem as necessidades contidas em nossa biografia pessoal.

Existem também as esperanças coletivas, que são aquelas que nos fazem tentar construir um mundo melhor, que nos levam a seguir esta ou aquela filosofia, nos unir a este ou aquele grupo de ativistas ou voluntários.

Mas uma coisa é certa: se nossas esperanças estão fundadas numa fé no homem, o resultado é um só, inequívoco – a frustração.
A única esperança que se mostra eficaz e garantida em seus resultados é aquela que depositamos no Criador, o Pai; no Salvador, Jesus; no Consolador, o Espírito Santo – no Deus Uno e Trino.


Música: Espera no Senhor, de Eliana Ribeiro


Vimos que ao cristão é impossível não confiar em Deus. A vitória já é nossa, Cristo já venceu o mundo, a promessa de re-união com Deus já se concretizou.
Não temos razão para duvidar.
Aliás, para duvidar de Deus, é preciso estar totalmente sem razão.

A fé é o fundamento da esperança. É pela fé que sabemos que nossa esperança não é em vão. E a fé bíblica não é uma fé cega, como muitos dizem, mas uma fé baseada na História de Salvação, que teve início há milênios:

Olhai para a figueira e para as demais árvores. Quando elas lançam os brotos, vós julgais que está perto o verão. Assim também, quando virdes que vão sucedendo estas coisas, sabereis que está perto o Reino de Deus (Lc 21,29-31).

Essas palavras são de Jesus anunciando o Reino de Deus em sua plenitude. É uma de suas parábolas para que compreendamos os mistérios de seus ensinamentos. Mas é também uma lição clara de que temos no que nos embasar para crer que suas promessas se cumprirão.

A única esperança que se mostra eficaz e garantida em seus resultados é aquela que depositamos no Criador, o Pai; no Salvador, Jesus; no Consolador, o Espírito Santo – no Deus Uno e Trino.

Veja como não é cega nossa fé.
Uma coisa é estar no meio do Ártico e “esperar” que uma fogueira se acenda na neve, sem mais nem menos, e que ao redor dela apareça um banquete. (Claro, sabemos que para Deus nada é impossível e que coisas “parecidas” com essa já aconteceram.) Isso seria uma esperança bastante desarrazoada, sem razão de ser, um convite certo à frustração.

Outra coisa é perceber que os dias estão ficando menos frios, que o gelo das árvores e dos arbustos está derretendo, e então esperar que surgirão os primeiros brotos no chão, que a lebre deixará sua pelagem branca de inverno para voltar a sua cor castanha do verão.
Essa esperança vem da observação de que é assim que acontece todos os anos, que essa é a conseqüência natural da sucessão das estações. Como já observamos isso acontecer antes, pelos sinais vistos no passado, podemos ter a certeza de que, pelos sinais que vemos no presente, isso está prestes a tornar a acontecer.

O mesmo ocorre com nossa fé.
Não esperamos por coisas absurdas. Não precisamos fazer exercícios complicados de lógica para deduzir que aquilo que esperamos, em Deus, está prestes a se realizar. Porque, como disse Jesus, quando a figueira lança seus brotos, sabemos que está perto o verão.
De igual modo, sabendo das maravilhas que Deus tem feito ao homem desde a Criação, sabendo das promessas proferidas a seu povo e cumpridas ao longo do tempo, sabendo, ainda mais, com a razão e o coração, das bênçãos que Ele tem dado a nós em nossa trajetória vitoriosa, como não ter a certeza de que todo o resto se cumprirá?

.: Trecho do livro: Se Deus é por nós