Vinde Espírito Santo

A ação do Espírito Santo nos fiéis

Vinde, Espírito Santo! Vinde, Pai dos pobres! Vinde, Doador dos bens! Vinde, Luz dos corações! Infunda em nós, Senhor, Vosso Espírito, Seus celestes dons, e forme em nós um coração que Vos seja agradável (MR, Coleta). Convida-nos esta oração a refletirmos ainda sobre a ação do Espírito Santo nos fiéis. A graça santificante, as virtudes teológicas e morais infundidas no batismo situam o cristão no plano sobrenatural e lhe dão a possibilidade de agir sobrenaturalmente, de tender para Deus e para a santidade.

Todavia, o modo de proceder do cristão continua humano e, portanto, limitado, imperfeito. A inteligência humana, mesmo depois de iluminada pela fé, continua sempre sem capacidade para atingir Deus, impotente para conhecê-Lo como ele é! Enquanto vive nesta terra, o homem conhece Deus como por um espelho, em imagem, só no céu vê-lo-à “face a face” (1Cor 13, 12).

Conhecendo imperfeitamente a Deus, é também incapaz de orientar-se perfeitamente para Ele, de amá-Lo efetivamente “com todo o coração, com toda a alma, com toda a mente” (Mt 22, 37). O caminho que conduz a Deus, e portanto, às exigências da santidade, só até certo ponto lhe são manifestadas. Muitas vezes, não sabe discernir a vontade de Deus a seu respeito, não sabe distinguir o que é mais perfeito, mais agradável ao Senhor. Se tal é sua condição, deverá o homem renunciar à santidade? Não! Deus que o quer santo lhe dá também o modo de vir a sê-lo. (“O Espírito Santo Vos ensinará tudo” 14,26)! Infalível é a promessa de Jesus.

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A ação do Espírito sobre a vontade do homem

0 Espírito Santo, que “tudo penetra, até as profundezas de Deus” (1Cor 2, 10), que conhece perfeitamente a natureza e os mistérios de Deus e, ao mesmo tempo, todas as exigências da santidade, como também os limites e as fraquezas do homem, vem em auxílio dele como Pai e Mestre para guiá-lo à santidade. Trata-se de magistério interior que, enquanto ilumina o fiel sobre os mistérios divinos, forma seu coração de modo que seja agradável a Deus. “Vinde, ó Espírito Criador, visitai as almas de vossos fiéis, enchei da graça celeste os corações por vós criados” (Veni Creator).

“Todos os que se deixam guiar pelo Espírito de Deus são filhos de Deus” (Rm 8,14). Devem os filhos parecer-se com o Pai, ter Seu mesmo Espírito. Deu o Senhor a todos os batizados seu Espírito, mas nem todos se deixam guiar por ele, por isso nem todos realizam sua qualidade de filhos. Só os que se abandonam docilmente à ação do Espírito Santo vivem em plenitude a graça da adoção e, como verdadeiros filhos, alcançam seu fim: a comunhão com Deus no amor.

O Espírito orienta para as coisas divinas

Enquanto procede ao homem por iniciativa própria, incompleta é sua orientação para Deus, porque é sempre “um modo humano”. Mas quando se deixa guiar pelo Espírito Santo, agindo este “de modo divino”, orienta-o perfeitamente para Deus. O Espírito Santo age diretamente sobre a vontade do homem, solicita-a, inflama-a e a atrai-a através do amor; ilumina também sua inteligência. Daqui nasce aquele inexprimível sentido de Deus e das coisas divinas que leva o fiel a saborear o Senhor, e que o orienta para as coisas divinas mais que qualquer raciocínio e esforço humano. Desse modo, intui o cristão que Deus é o Único, infinitamente acima de todas as criaturas, que merece todo o amor; sente que, diante da amabilidade infinita, tudo o que pode fazer por Deus nada é. E então se decide ao dom total de si.

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O Espírito não violenta o homem

É exatamente assim que, sob a ação do Espírito Santo, vai a Deus o batizado como filho, inteiramente cativo do amor do Pai e do desejo de fazer sua vontade. Eis o verdadeiro e único caminho para a santidade. Poderosíssima, eficaz é a ação do Espírito Santo. Contudo, o Espírito de amor não violenta o homem: aguarda que siga livremente os divinos impulsos e lhe entregue, por amor, a própria vontade. Se nele encontra resistência, retira suas graças e o deixa na mediocridade.

Por isso exorta São Paulo a não viver segundo a carne, isto é, segundo as inclinações que levam o homem a afirmar-se e a satisfazer a própria vontade mais ou menos independentemente de Deus; mas exorta-o a viver “segundo o Espírito” (Rm 8,4). Porque “os desejos da carne são morte, enquanto as aspirações do Espírito são vida e paz” (ibidem, 6). Eis a vida e a paz dos filhos de Deus: deixarem-se guiar pelo Espírito! Tal é a lógica de quem quer viver o próprio batismo: “Se vivemos pelo Espírito, caminhemos também segundo o Espírito” (Gl 5,25)

Seu Irmão,

Eduardo Rocha Quintella

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