Dor da separação

Consolação e esperança para os enlutados

A certeza da ressurreição oferece consolação e esperança para os enlutados

A dor da saudade é tormento que não desparece após uma noite de sono. A saudade é companheira de muitos enlutados, que hoje choram a perda de seus entes queridos. Não importa a distância dos anos, a saudade tem sempre a mesma intensidade. Viver é um constante preparar-se para a separação. Por mais que saibamos que nosso destino final será a morte, não estamos preparados para deixar partir quem amamos. Dolorosa é a dor da separação. Diante do “não mais”, entre nós ficam apenas as lembranças que o tempo não apaga.

enlutados
Foto: Rich Legg, by Getty Images

Em meio à dor e à saudade, todos os anos, no dia 2 de novembro, lembramo-nos, com orações e lágrimas, daqueles que conosco viveram dias de alegria e dor. Hoje, não mais fisicamente entre nós, mas vivos dentro de nosso coração e recordados em nossas lembranças.

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A vida é um presente de Deus; e um dia fomos chamados à existência. Nascemos e crescemos; amamos e fomos amados; sorrimos e choramos; magoamos e ajudamos. Vivemos a experiência de sermos humanos e pecadores, contudo, nossa existência terrena tem um tempo determinado. Alguns passaram por este mundo muito rapidamente, outros foram embora jovens demais. Há ainda os que tiveram a vida ceifada pela imprudência ou maldade alheia. Há aqueles que passaram pelo doloroso sofrimento da cruz da enfermidade; outros que não suportaram enfrentar as demandas da tristeza e ceifaram seu próprio destino. E há também aqueles que se despediram, porque o corpo já não correspondia mais à força dos órgãos. Enfim, na dor da saudade, recordamos nossos entes queridos falecidos.

Com a morte ingressamos no amor de Deus

Nossa Igreja Católica Apostólica Romana nos ensina que nossa vida não nos é tirada, mas transformada. Nossa vida não termina com a morte, porque ela é apenas uma passagem para uma vivência muito mais intensa e profunda. Com a morte, ingressamos no amor de Deus. Já não faremos parte desta realidade terrena, porque Deus nos acolherá em seu amor.

O que aqui praticamos levaremos para junto de Deus. Seremos, diante do Senhor da vida, aquilo que aqui cultivamos. Nada poderá ser escondido, porque o véu da mentira foi rasgado para sempre; e diante de Deus, apresentaremo-nos tal como somos, pensamos e sentimos. Nada mais poderá ser ocultado, porque seremos abraçados pela misericórdia infinita do Pai das Luzes. Aceitar ou não esse abraço de amor será uma decisão livre e pessoal.

A nós, que ainda continuamos nossa peregrinação terrestre, resta-nos viver cada dia com intensa consciência de que o amanhã é um dos grandes mistérios da vida. Por isso mesmo, amemos, perdoemos, abracemos, ajudemos, cuidemos de quem se encontra do nosso lado hoje. Não há dor maior do que o arrependimento de ter podido fazer o bem e esconder-se atrás da desculpa de que amanhã teríamos tempo suficiente.

Que a alma de nossos fiéis falecidos pela misericórdia de Deus descanse em paz!

 


Padre Flávio Sobreiro

Bacharel em Filosofia pela PUCCAMP e Teólogo pela Faculdade Católica de Pouso Alegre (MG), padre Flávio Sobreiro é pároco da Paróquia São José, em Toledo (MG), e padre da Arquidiocese de Pouso Alegre (MG). É autor de livros publicados pela Editora Canção Nova, além disso, desde 2011,  é colunista do Portal Canção Nova. Para saber mais sobre o sacerdote e acompanhar outras reflexões, acesse: @peflaviosobreirodacosta.