“Vamos ser como o sol, que não possui nenhuma lista de endereço para enviar seu raios luminosos, ilumina e aquece o bom e o mau.
Há muita noite triste por aí pedindo quem lhe leve o sol da alegria.
Vamos ser como a chuva que não tem mapas, com limites e fronteiras, para delimitar o campo a ser regado.
Há tanta vida seca por aí esperando uma gota de ternura.
Vamos ser como a fonte sempre ao alcance de qualquer um que estenda a mão, a mão ansiosa, em concha preta ou branca, velha ou jovem, pouco importa.
A fonte é uma perene oferta borbulhante.
Há tanta gente sequiosa por aí, pedindo quem lhes leve às águas da verdade.
Vamos ser como a árvore, que não recolhe os galhos com seus frutos, quando chega algum pobre e seus ramos oferta a qualquer ave que queira fazer neles seu ninho, quer seja canarinho de bom canto ou, talvez, um pardal barulhento.
Há tanto sofrimento por aí, buscando um terno abraço no qual possa aninhar sua dor.
Vamos ser como a irmã terra, que não vê cara ou nome, conta bancária ou posição social: acolhe em si, em si abraça e em si fecunda a semente que cai, sem nunca olhar a cor da mão que a lança.
Há tanta terra boa por aí, que espera quem lhes leve uma semente, semente de palavra e boa ação.
Vamos ser como as aves e as cigarras, que dão concertos grátis para todos, sem reclamar direitos autorais.
Há tanto desespero por aí, na espera ansiosa de quem lhes cante um hino de esperança.
Vamos ser como a lua e as estrelas, que ornam o céu e enfeitam a noite.
Há tanta noite escura por aí, à espera da luz benfazeja de nosso amor.
Então, vamos ser todos, vida afora, assim, gratuitamente, alegremente, eternamente: sol, terra, chuva, árvore, fonte, lua, estrela e ave.
Que alguém possa dizer que foi feliz, ao menos um segundo em sua vida, porque passamos pelo seu caminho.”
(Autor desconhecido)
Disse o Papa Paulo VI que “ninguém é tão pobre que não tenha o que dar ou tão rico que não tenha o que receber”.