Tatuagem...

Algumas pessoas têm verdadeiro pavor de tatuagens. Lembro-me de um amigo de Barretos, em São Paulo, que veio até mim apavorado porque seu filho de 15 anos estava usando brinco e tinha feito uma grande tatuagem nas costas. Para aquele pai preocupado, homem jamais poderia usar brincos, deixar os cabelos compridos e muito menos usar tatuagens.

Tudo isso me veio à mente quando meditei as palavras do profeta Isaías acerca do amor materno de Deus para conosco: ‘Eu te levo tatuado na palma das minhas mãos’ (Is 49,16). De fato, o profeta é fantástico ao falar sobre o amor de Deus. Ele o compara a uma mãe que jamais se esquecerá do filho que gerou (Is 49,15); ou a um jovem enamorado que faz a tatuagem do nome de sua amada em algum lugar de seu corpo.

Tatuar significa gravar na epiderme o nome de alguém, seu rosto ou algo que possa lembrar o ser amado. É um sinal permanente. Torna-se um estigma. E é iso mesmo que o profeta quer nos mostrar acerca do amor de Deus. Temos em nós a marca, a tatuagem do amor de Deus.

Porque me ama, Deus me tem gravado em seu coração. Tenho um Deus que grita e dança de alegria por mim! Basta ler o livro de Sofonias, quando nos diz:‘Teu Deus, poderoso salvador, está no meio de ti. Ele grita de alegria por ti. Renova-te com seu amor. E baila por ti com gritos e júbilo’ (Sf 3,17).

É preciso experienciar este amor infinito. Para isso precisamos aprender a saborear a vida como um presente do amor de Deus para nós. ‘Filho, trata-te bem na medida do possível… Não te prives de um dia feliz… Dá e recebe, e diverte-te’ (Sr 14,11.14.16).

Porque nos ama Deus nos dá a vida de presente a cada instante. E o amor de Deus é paciente, caridoso, e bondoso. Não é arrogante, não se irrita e nem guarda rancor. Não se alegra com as injustiças, mas se rejubila com a verdade. Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta (cf 1Cor 13,4-7). Seu amor nos permite caminhar seguro e seguir adiante apesar de tudo. Se me ponho confiante nas suas mãos e me deixo amar por ele, minha vida está segura, firme como a rocha, apesar de tudo o que possa acontecer. A certeza desse amor nos impele a um absoluto abandono de nossa vida nas mãos de Deus. Nossa vida lhe pertence.

Gosto muito da história daquele senhor mineiro que tinha uma paciência impressionante. Ele estava sentado em um bar, quando aconteceu um pequeno tumulto. Todos naquele bar silenciaram quando o noticiário da rádio local passou a informar sobre a possível Terceira Grande Guerra Mundial. Após a notícia o tumulto foi geral. Os comentários eram os mais diferentes e absurdos possíveis. Alguns afirmavam que os Estados Unidos já tinham vários mísseis apontados para o Oriente Médio. Outros diziam que o problema maior seriam os países comunistas. Um outro afirmou que a guerra começou no Golfo Pérsico. E assim por diante. Cada um emitia sua opinião sobre o assunto. Menos o ‘seu’ Quinzinho, que continuava tranqüilamente sentado em seu cantinho. Houve gente que saiu desesperada para buscar a família nas cidades vizinhas. Outro foi recolher o gado, outro ainda saiu desesperado para buscar o filho que estava jogando futebol. O dono do bar ficou impressionado com a calma e a paciência do ‘seu’ Quinzinho, e chegou a pensar que o coitado fosse surdo. Afinal de contas, como alguém poderia ficar tão tranqüilo diante de uma notícia tão terrível? ‘O senhor escutou a notícia pelo rádio?’ Perguntou o comerciante. Ao que ‘seu’ Quinzinho responde: ‘ Escutei sim. Parece que espocou a Terceira Guerra Mundial. Eu vi mesmo um comentário sobre este assunto!’ Então o comerciante se encabulou de vez. ‘Como é que o senhor pode ficar aí sentado, quietinho, enquanto o mundo se apavora só com a possibilidade de estourar essa guerra? O senhor não percebe as terríveis conseqüências? De uma hora pra outra o mundo pode se acabar. Nós vamos ficar sem alimento, sem transporte e, o pior, como vamos manter a paz? E o senhor aí sossegado, parece que nem está se importando com o assunto! Seu Quinzinho, é a Terceira Guerra Mundial! As outras duas foram terríveis. Imagine agora uma guerra com todos esses armamentos modernos! Vai ser o fim do mundo!’ Calma e tranqüilamente, ‘seu’ Quinzinho respondeu: ‘Olha, sr. Francisco, só podem acontecer duas coisas: ou a notícia é verdade ou é mentira. Então, se for mentira, eu não vou me preocupar; se for verdade, só podem acontecer duas coisas: ou o Brasil entra na guerra, ou o Brasil não entra na guerra.

Se o Brasil não entrar na guerra, eu não vou me preocupar; se o Brasil entrar na guerra, só podem acontecer duas coisas: ou eles convocam o exército de Minas Gerais, ou eles não convocam o exército de Minas Gerais. Então, se não convocarem o exército de Minas Gerais, eu não vou me preocupar; agora, se convocarem o exército de Minas Gerais, só podem acontecer duas coisas: ou eles chamam o Batalhão de Itajubá, ou eles não chamam o Batalhão de Itajubá. Então, se não chamarem o Batalhão de Itajubá, eu não vou me preocupar; se chamarem o Batalhão de Itajubá, só podem acontecer duas coisas: ou eles chamam somente os soldados atuais ou eles não chamam somente os soldados atuais. Então, se só chamarem os soldados atuais, eu não vou me preocupar; agora, se eles não chamarem só os soldados atuais, só pode acontecer duas coisas: ou eles convocam os que já deram baixa, ou eles não convocam os que já deram baixa. Se não convocarem os que já deram baixa, eu não vou me preocupar; se convocarem os que já deram baixa, só podem acontecer duas coisas: ou eles me chamam ou eles não me chamam. Então, se não me chamarem, eu não vou me preocupar. Se me chamarem, só podem acontecer duas coisas: ou eu me apresento ou eu não me apresento. Se eu não me apresentar, eu não vou me preocupar. Se me chamarem, só podem acontecer duas coisas: ou eu vou ou eu não vou. Então, se eu não for, eu não vou me preocupar; agora, se eu for, só podem acontecer duas coisas: ou eles me colocam no combate ou eles não me colocam no combate. Então, se eles não me colocarem no combate, eu não vou me preocupar; agora, se me colocarem no combate, só podem acontecer duas coisas: ou me colocam mais à frente do pelotão, ou me colocam mais para trás. Então, se me colocarem mais pra trás, eu não vou me preocupar; agora, se me colocarem mais pra frente, só podem acontecer duas coisas: ou eu sou ferido, ou eu não sou ferido. Então, se eu não for ferido, eu não vou me preocupar; agora, se eu for ferido, só podem acontecer duas coisas: ou eu sofro um ferimento grave ou eu sofro um ferimento leve. Então, se for leve, eu não vou me preocupar; agora, se for grave, só podem acontecer duas coisas: ou eu morro ou eu não morro. Então, se eu não morrer, eu não vou me preocupar; agora, se eu for morrer mesmo, não adianta nada eu ficar preocupado agora!’

É isso mesmo! Nossa vida está nas mãos de Deus. Aconteça o que acontecer, Deus cuida de nós. Estamos tatuados em seu coração. Viva tranqüilo. Não antecipe os problemas. Procure viver e superar os problemas na medida em que eles realmente existam. Não sofra por antecipação. Deus cuida de você! De todos nós! SEMPRE!